Após confusão, Léo Kret é impedida pela PM de desfilar na parada LGBT+ de Pernambués

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A sétima edição da parada da diversidade do bairro de Pernambués, neste domingo (26), teve vaias e confusão. Mas não foi nada de homofobia. Na verdade rolou a maior treta envolvendo a dançarina, ex-vereadora de Salvador e candidata a deputada federal Léo Kret e a União das Paradas LGBT da cidade do Salvador.

Apresentado e organizado por Tuka Perez, a parada teve como madrinha Layde de Pádua e Lazinho do Olodum como padrinho. A treta aconteceu ainda na concentração quando Léo Kret posicionou um trio atrás do trio oficial da parada.

Segundo Tuka, a ex-vereadora não tinha autorização para participar do evento. Foi aí que a União das Paradas LGBT da cidade do Salvador fez um cordão humano que impediu o trio de Léo de desfilar informando que ela estaria tentando ‘se apropriar do evento’ organizado por Tuka.

Depois de quase duas horas de impasse, Léo Kret teve que interromper o desfile que estava fazendo (ela chegou a ir até metade da rua).

O impasse, inclusive, só foi resolvido depois que houve intervenção da Polícia Militar para que o trio de Léo Kret não saísse. “Por volta das 15h30, um dos responsáveis por um minitrio acionou a PM informando que outro minitrio estava sem as autorizações da prefeitura municipal e, por isso, este não pode desfilar. O evento transcorreu sem registro de ocorrências”,  informou a PM, em nota.

Vídeos aos quais o Me Salte teve acesso mostram vaias e palavras de baixo calão contra a ex-vereadora. As pessoas gritaram palavras de ordem ‘expulsando’ a artista do trio.  Outros vídeos mostram palavras de apoio à dançarina e pessoas da comunidade curtindo sua apresentação.

“A União das Paradas LGBT da cidade do Salvador reuniu todos os seus membros e saíram em defesa da militante Tuka Perez que a 7 anos realiza a parada LGBT de Pernambues. Em um ato histórico e de protesto, o movimento de paradas de Salvador fez um cordão humano formado por vários ativistas incluindo transformistas, drags, gays, lésbicas e trans presentes. E juntos com a população barraram a passagem do trio de Léo Kret que se apropriou do evento sem autorização da organização. Depois do protesto a militância conseguiu junto ao Comando Geral da PM a interdição do trio que estava sem a devida autorização da organização do evento e nem o (alvará) para seguir”, afirmou a União, em nota enviada ao Me Salte.

Organizadora da parada, Tuka criticou o gesto de Léo Kret.  “Eu tenho um trabalho social no bairro com vários eventos que eu sou a organizadora. Esse ano houve esse problema, infelizmente. Eu, como organizadora e presidente do grupo Linha de Frente (que organiza a parada) eu nunca tive apoio de Léo Kret. Não tenho nada contra ela. Somos amigas. Crescemos na comunidade juntas. Respeito, mas eu há sete anos venho fazendo a militância dentro de Pernambués. Eu coloco um trio em Pernambués para levar um pouco de diversidade e respeito em busca de direitos. Não seria justo da minha parte ela colocar um trio sem a minha autorização. Ela entrou em contato comigo perguntando como ela poderia colocar o trio, mas eu expliquei que não teria como ela colocar porque eu só tinha autorização para colocar um trio”, afirmou Tuka.

Tuka destacou ainda que a questão sonora também era outro problema já que Léo Kret tinha canções de pagode em seu repertório. “A parada não é micareta. Em momento algum eu autorizei ela colocar o trio. Ela agiu de má fé. Ela ainda colocou músicas de baixo calão e coisas que não permitimos mais. Não podemos colocar músicas que agridem os LGBTs e as mulheres. Estou triste com tudo isso”, argumentou Tuka.

 

Em contato com o Me Salte, na manhã desta segunda-feira (27), a ex-vereadora admitiu que, de fato, não estava em mãos com a autorização para fazer o desfile e que por isso interrompeu sua apresentação.

“Pernambués é o bairro que eu moro. Eu falei com os organizadores que eu queria colocar um trio na parada, mas eles falaram que pelo espaço do bairro só poderia ter um. Eu falei com a Polícia Militar, justifiquei que eu ia usar som mecânico e a PM autorizou. O problema é que eu não fui buscar o documento de liberação.  Daí na metade do percurso a polícia veio pedir a liberação, mas eu não tinha. Eu realmente não estava com a liberação e por isso tive que parar de me apresentar. Eu não ”, argumentou.

Léo Kret reforçou que não foi expulsa da parada. “Eu tinha colocado músicas da época do Saiddy Bamba e estava lá dançando como artista e levando alegria. Não fui expulsa. O povo de Pernambués me ama. Eu não ouvi nenhuma vaia”
A ex-vereadora criticou ainda o fato de haver conflitos dentro do próprio movimento LGBTQ+. “Os movimentos precisam se unir. Conheço Tuka e o trabalho dela. Nós percebemos a nossa transexualidade na mesma época mas essas coisas que confusão acabam destruindo o movimento”, disse.

Fonte: Correio da Bahia

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