‘Não consegui salvá-la’, diz jovem que viu mãe ser morta pelo ex

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Rafaela Maria de Souza, 24 anos, que perdeu a mão ao tentar salvar a mãe, Genésia Maria de Souza, 42, do ataque do padrasto, afirma que ele é um “monstro” que destruiu sua vida. Familiares dizem que o marido tinha ciúmes da relação de Genésia com os filhos de outra relação.

A jovem continua internada na Santa Casa de Mogi Mirim desde o dia do crime, na quinta-feira (7). A mãe dela chegou a ser socorrida, mas acabou morrendo por conta dos ferimentos causados por golpes de facão.

“Eu não podia correr, a minha mãe estaria lá. Não salvei a vida da minha mãe, mas na tentativa de salvar eu fiquei. Eu corri depois que ele me esfaqueou e já estava muito ensanguentada”, disse Rafaela ao Universa, do Uol. Ela afirma que vive um momento extremamente difícil. “Estou traumatizada, lesionada, sequelada. Ele vai ficar na minha memória como um monstro. Um monstro que destruiu a minha família, que matou a minha mãe. Palavra nenhuma pode aliviar a minha dor”, acrescenta.

Juarez Ferreira, 44, ex-marido de Genésia, foi preso um dia depois do crime, na casa de parentes em Jacutinga (MG). Ele confessou o crime, que foi registrado como tentativa e feminicídio consumado.

Genésia e Juarez foram casados por oito anos. A filha conta que o relacionamento começou bem, mas não demorou a degringolar. Genésia tinha quatro filhos – além da jovem, um rapaz 20, uma adolescente de 15 e um bebê que fará 2 anos no próximo mês, filho da relação com Juarez. O marido não aceitava a proximidade e relacionamento dela com os filhos mais velhos.

“Ele sempre foi um cara seco e muito ignorante. Tinha muito ciúme dos filhos dela e falava que ela só trabalhava para sustentar os filhos. Ele não gostava deles, mas ela sempre defendia os filhos. Sempre cuidou deles e não deixava faltar nada”, explica Thaís Patrício, que é casada com Lucas, filho de Genésia.

Trabalhadora, Genésia era muito querida na região em que morava. Ela trabalhou como manicure, doméstica, cozinheira e teve uma barraca de lanches. Com o esforço, ajudou a construir três casas, uma para cada um dos filhos mais velhos. “Ela vendia o pão de dia para comer o dela à noite. No final de ano, ela ia para a praia vender água e refrigerante. Ela nunca parou. Era muito honesta e sempre trabalhou”, acrescenta a nora.

Brigas
O final do casamento foi cheio de brigas. Os filhos pediam sempre para Genésia se separar e nenhum deles se dava bem com Juarez. “Eu lembro até hoje que, quando ela estava grávida, ele começou a humilhá-la falando que mulher grávida era muito feio, que não prestava para nada”, diz a nora.

Mesmo com tudo isso, ninguém acreditava que Juarez chegasse ao ponto de matar Genésia. “Ele nunca chegou a ficar agressivo dessa forma”, diz.

No mês passado, isso mudou. Juarez, que é dono de um bar, agrediu a mulher durante uma briga no local. Foi o que a fez dar um ponto final ao relacionamento. “Ele agrediu Genésia na frente das pessoas. Ela ficou muito envergonhada com a situação e não quis mais. Foi aí que ela separou dele”, conta.

Juarez não aceitou. Mandava mensagens de áudio ameaçando Genésia para que ela voltasse o casamento. A mulher saiu de casa com o filho dos dois, indo morar com Rafaela. “A raiva dele é que ela não quis mais voltar e preferiu ficar na casa dos filhos. Ele achava que ela amava mais os filhos do que ele”, acredita Thais.

Genésia chegou a procurar a polícia três vezes, mas teve pedido de medida protetiva negado – na verdade, os filhos dizem que a Delegacia de Defesa da Mulher nem registrou o caso.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirma que Genésia esteve na delegacia na véspera do crime e foi orientada sobre como deveria proceder. Uma investigação interna vai apurar porque ela não conseguiu completar a denúncia.

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