Apesar de ser a equipe que mais finaliza nesta Copa do Mundo – 43 vezes em dois jogos -, a seleção brasileira apresenta pouca efetividade na hora de balançar as redes no torneio. E, com três gols marcados até o momento – dois de Coutinho e um de Neymar -, vai em busca da classificação contra a Sérvia nesta quarta-feira, às 15h (de Brasília), com uma missão aos centroavantes Gabriel Jesus e Firmino: espantar uma marca negativa que não acontece há 44 anos.
A última vez que o Brasil passou pela fase de grupos sem gols de seus “camisas 9” foi em 1974, Copa realizada na Alemanha e vencida pelos anfitriões. Na ocasião, Leivinha ocupava a posição e passou em branco – Jairzinho, homem-gol de 1970, jogava como ponta – e o Brasil acabou com a quarta colocação . De lá para cá, sempre houve gol de centroavante em pelo menos um dos três primeiros jogos. Veja abaixo:
1974 – nenhum gol
1978 – 2 (Reinaldo e Roberto Dinamite)
1982 – 1 (Serginho Chulapa)
1986 – 3 (Careca)
1990 – 2 (Careca)
1994 – 3 (Romário)
1998 – 1 (Ronaldo)
2002 – 4 (Ronaldo)
2006 – 4 (dois de Ronaldo, um de Adriano e um de Fred)
2010 – 2 (Luis Fabiano)
2014 – 1 (Fred)
Jesus, titular, e Firmino, reserva nos duelos contra Suíça e Costa Rica, apesar da diferença de minutagem em campo, tiveram o mesmo número de finalizações nesta edição. A mais perigosa delas foi do jogador do Manchester City, que acertou o travessão de Keylor Navas na última sexta. No mesmo jogo, a dupla chegou a jogar junta durante 25 minutos.
Opinião dos especialistas
Perguntamos aos comentaristas e ex-centroavantes Casagrande (convocado na Copa de 1986) e Grafite (Copa de 2010) o que está faltando para que Gabriel Jesus e Firmino possam desencantar. Eles ainda opinaram sobre a utilização dos dois juntos na Seleção. Veja:
Casagrande
– O Gabriel Jesus, titular, tem que se impor mais. Se soltar um pouco mais e ter mais presença de área. Ficar mais de frente para o gol, não só de costas. Firmino entrou pouco, mas entrou bem e foi um dos responsáveis para o Brasil conseguir os gols.
– Está difícil de chegar a bola, óbvio. Jogamos contra seleções fechadinhas. Mas o centroavante tem que fazer seu espaço para jogar. Não pode ficar esperando que os meias, os jogadores criativos, enfiem a bola para ele. Tem que propor a jogada, mostrar que tem espaço para jogar. Nisso tem que melhorar. A bola não chega, está difícil? Está, mas ele tem que criar espaço para que essa bola chegue.
– O jogo todo acho muito difícil (que Jesus e Firmino joguem juntos). Aquilo que aconteceu no segundo tempo contra a Costa Rica pode acontecer novamente, no decorrer da partida, nos últimos 20 minutos. Enfim, o tempo que o Tite achar que pode jogar. Mas sair jogando acho muito difícil.
Grafite
– No caso do Gabriel eu acho que (o problema) são as oportunidades. Não estão aparecendo com frequência. O número 9 precisa fazer gol para ter confiança, se autoafirmar. O Firmino está vindo bem. No caso dele, acho que é falta de tempo de jogo. Entrou bem, criou chances, fez gols nos amistosos. Acho que está num momento melhor que o Jesus, terminou a temporada melhor. Só que o Gabriel tem um histórico melhor na Seleção.
– Creio que podem jogar juntos, apesar de que, hoje em dia, poucas seleções jogam com dois atacante parecidos com eles, no 4-4-2. Mas acho que em uma situação de emergência, como foi o jogo da Costa Rica, quando o Tite precisou de dois atacantes, pode acontecer. Acho difícil pela característica do Tite, que já tem um esquema implementado e deve mexer o mínimo possível nesse esquema. Mas há condições e possibilidades.
Por Thiago Benevenutte*, Rio de Janeiro