Brigas, ofensas, disseminação de comentários maldosos, agressões físicas e psicológicas. A escola pode ser cenário de todos esses comportamentos que transformam a vida escolar de muitos alunos em verdadeiro “inferno”. O bullyng é um fenômeno cada dia mais crescente e assustador, com terríveis conseqüências para o que é mais importante na escola: a aprendizagem. Daí a necessidade e a importância de um olhar sério e sensível de todos que trabalham com a educação. A palavra bullyng é derivada do verbo inglês bully, que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. A terminologia vem sendo usada em vários países para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. Ocorre sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder. Antigo como a própria escola, até a década de 1970, pouca atenção foi dada a esta prática, mesmo sabendo-se da problemática entre agressor e vítima. A Suécia foi o país pioneiro na mobilização de combate ao bullyng, considerado hoje como um problema mundial. Pode ocorrer não só na escola, mas em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam como faculdade/universidade, família, no local de trabalho e entre vizinhos. Segundo a ONG, 350 milhões de crianças e jovens são vítimas de bullyng anualmente em todo o mundo. Manifesta-se de várias formas direta ou indiretamente. De forma direta quando a agressão é feita contra o seu alvo por meio de apelidos, exclusão do grupo, agressão moral ou física. Indireta quando envolvem furtos, fofocas e o cyberbullyng, que usa a internet, celular e outros meios do mundo digital para divulgar as ofensas.
De acordo com o relatório do Programa de Avaliação de Estudantes (PISA) 2015, no Brasil: 43% das crianças e jovens no país já sofreram bullying na escola por razões como aparência física, etnia, gênero e orientação sexual; 9% foram classificados nos estudos como vítimas frequentes de bullying; 7,8% disseram que são excluídos pelos colegas. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em pesquisa realizada em 2012, apontou que praticar bullying nas escolas é mais comum nas instituições de ensino privadas (21,2% dos entrevistados disseram cometer agressões físicas e psicológicas contra seus colegas); a incidência de agressões é um pouco maior em escolas públicas (7,6%, em comparação a 6,5% das escolas particulares). A pesquisa também revelou que os meninos são maioria dos agressores, 24,2% dos meninos disseram já ter praticado bullying, enquanto entre as meninas a proporção é de 15,6%. Além disso, o Brasil, segundo uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), é o quarto país com maior prática de bullying no mundo.
A prática do bullyng na escola é muito preocupante por que provoca dificuldade na aprendizagem, baixa auto-estima, dificuldade na socialização com os colegas, tendo como resultado o isolamento social do indivíduo. As vítimas de modo geral acabam se tornando uma pessoa apática, retraída, podendo desenvolver um quadro de neuroses como fobia social, como também tendem ao à ansiedade, depressão, suicídio, e ao homicídio seguido ou não de suicídio. Direta ou indiretamente todos são afetados negativamente por esta prática (vítimas, agressores e testemunhas). Assim é de fundamental importância a implementação e aplicação de medidas de combate a esta prática tão nociva ao ser humano. No Brasil (considerado quarto país com maior prática de bullyng no mundo, em uma pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas: UNICEF), uma das medidas, foi a criação da lei Antibullying 13.185/2015, que entrou em vigor a partir de 06.02.16. A lei instituiu em todo o território nacional, o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying). Nas escolas se faz necessário desenvolver cotidianamente a cultura da paz, como também priorizar a conscientização geral de seus alunos, através de projetos que incentivem não só a denunciar, mas a se envolverem efetivamente em campanhas de combate ao bullyng.