Donos de bar, restaurante, hotel, pousada, agência de viagens, toda sorte de comerciante, além de quem procura por emprego – em Salvador, Praia do Forte e região –, não veem a hora de serem inaugurados, aqui e acolá, os novos centros de convenções construídos pelas prefeituras da capital e do município de Mata de São João, respectivamente.
O primeiro deve ficar pronto até dezembro, segundo o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco, e movimentar cerca de R$ 430 milhões em negócios por ano. De acordo com ele, ao menos seis grandes convenções já foram “pactuadas” até 2020.
Já o de Praia do Forte está “praticamente pronto”, faltando apenas o sistema de ar-condicionado e a iluminação, diz o prefeito de Mata de São João, Marcelo Oliveira (PSDB).
Com investimento de cerca de R$ 3 milhões, o equipamento deve ser entregue em julho, com auditório para 600 pessoas, mais duas áreas para exposições, além de espaço gourmet e estacionamento.
“Existe aqui uma expectativa grande do trade turístico porque quatro grandes resorts possuem em suas dependências grandes espaços para programações, além de leitos compatíveis. Mas os de médio e pequeno portes, tanto as hospedarias como empresas de eventos, ficavam de fora desse mercado. E em Praia do Forte há opções para todos os bolsos e gostos”, diz Oliveira.
Ex-presidente da Turisforte – associação de empresários e lojistas de Praia do Forte – por dois mandatos, a dona do Hotel Via dos Corais, Rosa Brandão, conta que esta era uma demanda antiga do setor, pois “quem vive do turismo não pode esperar só por férias, feriado e fim de semana”.
“O turismo corporativo é imprescindível. Sofremos muito durante a semana, ainda tem a baixa estação. Em maio Praia do Forte sediou um grande evento, que movimentou bastante a vila, todo mundo se beneficiou. Em Salvador, o fechamento do Centro de Convenções quase quebrou o setor hoteleiro”, afirma Rosa.
Cidade de Salvador
De acordo com a assessoria de imprensa do governo do Estado, estudos de viabilidade estão sendo feitos e o anúncio do local e início das obras de um novo equipamento estadual deve sair em breve.
Previsto para até o fim do ano, o Novo Centro de Convenções de Salvador deve, segundo representantes do trade, em questão de tempo recolocar a capital de volta à rota do turismo de negócios. Com o emprego de algo em torno de R$ 105 milhões, o local terá capacidade para reunir 14 mil participantes de feiras e convenções; além de dois espaços para shows, um na parte interna e outro na externa, para 20 mil pessoas.
Presidente do escritório de eventos Salvador Destination, Roberto Duran diz que o projeto é “adequado para a realidade da cidade”.
“Ele realmente trará um impacto significativo na equalização da economicidade de todo o mercado de turismo do estado, em especial o de negócios. Trará de volta todo o mercado que perdemos, que vai de março até dezembro, conhecido como da baixa temporada. Obviamente que não vamos recuperar o prejuízo da noite para o dia. O retorno deve acontecer de forma paulatina, com muito trabalho”.
Duran lembra que, quando da desativação do antigo Centro de Convenções de Salvador, nove congressos estavam agendados para acontecer e foram cancelados, representando perda de R$ 1,5 bilhão para economia local, afirma.
As estimativas do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (Abih), Glicério Lemos, dão conta de que o prejuízo de todo esse período (sem o equipamento, cerca de quatro anos) chegue a R$ 3 bilhões e que a inauguração do novo espaço represente um incremento entre 20% e 30% a mais na ocupação, chegando a uma taxa anual média de 85%.
“A expectativa é muito grande, uma cidade como Salvador não pode prescindir de ficar um dia sequer sem um centro de convenções, pois até 35% do PIB vem do turismo. É muita ansiedade, tomara que abra logo, a crise está muito difícil. Trinta hotéis fecharam com o fim do antigo espaço. Esse equipamento, multiúso, vai atender plenamente, vai representar o coroamento do setor hoteleiro, que já sofreu demais e é o que mais gera emprego, imposto. Será página virada. Trabalhamos agora com a divulgação da cidade, que está mais bonita, preparada para receber o visitante. E com capacitação da mão de obra”, diz Lemos.
Segundo ele, entre os dias 4 e 10 de agosto será realizado em Salvador o Hospitality Experience 2019 – rodada de negócios que reúne mais de 600 agentes de viagens e 100 operadores de turismo. O objetivo, Lemos diz, é fomentar a venda de Salvador como destino.
Um dos sócios do restaurante de comida típica Ki-Mukeka, que fica bem próximo do novo equipamento, Pedro Abreu, 57 anos, afirma estar “contando os dias” para a inauguração. “A nossa sorte é que temos uma clientela mais fiel, consolidada, moradora de Salvador, que costuma trazer visitantes. Se dependêssemos mais diretamente desse setor, estaríamos acabados, como muitos de nossos amigos”.