Um modelo para conectar a Amazônia por fibra óptica pelos rios

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A solução para reduzir o custo das redes de telecomunicações cabe numa só palavra: compartilhamento. E a maneira mais eficiente de fazer isso é a que está sendo inaugurada com a Infovia 00, megavia de telecomunicações com 770 km de cabo de fibra óptica subfluvial, de Macapá (AP) a Alenquer (PA), com aberturas nas cidades paraenses de Almeirim, Monte Alegre e Santarém, beneficiando cerca de 1 milhão de habitantes.

A Infovia 00, projeto-piloto do Programa Amazônia Integrada Sustentável (Pais), não tem paralelo no mundo, a começar pela extensão do cabo óptico implantado, com baixo impacto ambiental, no Rio Amazonas. A tecnologia utilizada selecionou a melhor rota pelo leito do Amazonas e, com isso, logrou preservar a integridade do cabo, apesar da colossal força de arrasto do rio de maior volume de água do mundo.

A grande inovação do empreendimento está em seu modelo de negócio, baseado no compartilhamento da infraestrutura com operadoras e provedores regionais e locais. Implantada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) com recursos públicos, a Infovia 00 será operada e mantida por um Operador Neutro, na forma de um consórcio aberto de empresas, cada uma tendo direito a explorar comercialmente um par de fibras ópticas por 15 anos.

Os seis provedores e operadoras de telecomunicações que assinaram o contrato de formação do consórcio poderão oferecer seus serviços em iguais condições a todos os usuários. Em contrapartida, essas empresas arcarão conjuntamente com o custo de operar e manter a infraestrutura óptica — que conta, além do cabo subfluvial, com contêineres, cabos terrestres, caixas de ancoragem e equipamentos ópticos.

Como compensação pelo investimento de implantação, o setor público reservou para si parte das 48 fibras ópticas disponíveis. Elas servirão para conectar universidades, escolas, centros de pesquisa e órgãos públicos. O setor público poderá, assim, usufruir a infraestrutura troncal sem incorrer em gastos de operação e manutenção.

É caro construir e manter uma infraestrutura óptica exclusiva, mais caro ainda numa região de baixa densidade populacional com alto custo de logística, como a Amazônia. O modelo de Operador Neutro torna possível o acesso sustentável à internet rápida e estável a populações que hoje dependem ainda exclusivamente do serviço por satélite — mais caro, mais lento e mais instável.

A exemplo do que se faz há décadas nas rodovias, o modelo em que o Estado entra com o investimento inicial e a iniciativa privada explora e mantém a infraestrutura tem tudo para dar certo. Mais que isso: precisa dar certo. Numa região com uma carência enorme de telecomunicações, é preciso inovar. É aí que está a porta para um acesso mais democratizado à internet. Ao abrir o consórcio a empresas de diferentes portes, a pulverização da oferta de serviços induz à competição e, consequentemente, a um custo menor para o consumidor final.

Com conexão óptica de alta qualidade e um modelo autossustentável, os rios da Amazônia se tornarão ainda mais vitais para o sustento e o transporte da população local, levando, em seus leitos, as fibras ópticas que conectam moradias, empresas, educação, agricultura — o presente e o futuro da Região Amazônica.

Fonte: O Globo

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