EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA NA ESCOLA DO CAMPO

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O artigo desta semana é antes de tudo uma homenagem a uma educadora que como tantas outras mulheres guerreiras que seguram a educação desse país buscou se qualificar sem deixar de lado a escola onde atua. Estou me referindo a professora Rebeca Ferreira Carvalho, professora da rede municipal de ensino de Cáceres, atuante no núcleo Sapiquá na fronteira do Brasil com a Bolívia e que se tornou mestre em Educação Inclusiva pela Unemat concluindo sua dissertação no último dia 21 de setembro.

O programa de pós-graduação em Educação Inclusiva – PROFEI é uma rede nacional da qual a Unemat faz parte e que oferta mestrado profissional objetivando promover a política pública desta área tão carente de atenção e investimento. E se a realidade de uma escola urbana já não é das melhores o que dizer das escolas do campo e ainda por cima em região de fronteira. Fazer a educação acontecer ali é tarefa para poucas pessoas de coragem.

A Secretaria Nacional de Educação Especial do Ministério da Educação estabeleceu em 2008 a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Esse marco temporal é importante para observarmos o quanto é recente uma política de Estado para essa área. Não que o trabalho realizado por instituições de educação especial há muitas décadas não seja importante, mas a visão capacitista presente na sociedade brasileira impedia avanços maiores nessas políticas. 

Hoje em todas as conferências de educação vemos a pauta da educação inclusiva presente e temos também uma preocupação em investir nos profissionais que irão trabalhar no atendimento deste público e a rede PROFEI é um exemplo desta preocupação institucional. Mas será que o atendimento na escola do campo ocorre de forma similar ao da escola urbana?

Vemos que o modo de vida no campo não difere do urbano apenas por uma questão localizacional. A dinâmica de uma escola no campo e do campo é bem diferente. O processo de se constituir enquanto campo envolve questões identitárias que só fazem sentido para quem vive essa realidade e isso influi em materiais didáticos, formação específica e interdisciplinaridade à flor da pele para compreender a complexidade dos sujeitos que ali estudam.

Na região de fronteira isso tudo está elevado ao cubo. Existe também a questão da identidade pela língua. Rebeca nos contou que os bolivianos que atravessam a fronteira para estudar no nosso país tentam se passar por brasileiros, mas a língua entrega. “Soy brasilero” dizem eles. Eu fico pensando no quanto a educação é um processo social complexo. Uma escola que atende uma criança boliviana no campo ao mesmo tempo atende a perspectiva da educação inclusiva, do campo e de fronteira.

Por tudo isso quem se dedica e compreender e principalmente se debruçar sobre estes temas fazendo deles sua vida merecem todo o nosso respeito e admiração.

Fonte: Diário da Serra Notícias

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