Gabriela Sá
Desenvolvimento Humano & Felicidade
Vivemos em um mundo acelerado, onde as coisas acontecem sem a gente nem perceber, e no nosso corpo não é diferente. Enquanto seguimos nossa rotina, reações químicas e conexões neurais acontecem o tempo todo para que possamos viver e agir. E entre todas essas substâncias, a dopamina é uma das mais poderosas, é ela que faz tudo acontecer.
Sabe aquela vontade de entrar no Instagram enquanto você deveria estar trabalhando? Dopamina.
Ou quando vai ao mercado e sente aquela necessidade quase incontrolável de comprar um doce, mesmo estando de dieta? Dopamina.
E aquele desejo de sentar no sofá e maratonar uma série, mesmo com mil coisas pendentes? Dopamina de novo.
Mas calma, a dopamina não é vilã. Na verdade, ela é a molécula que te faz querer começar a academia, iniciar uma dieta ou até se matricular em uma faculdade.
Em resumo, a dopamina é a molécula da motivação. E o que é motivação? É aquilo que te motiva à ação, que te impulsiona a agir. O problema é que esse desejo que ela gera, essa necessidade de buscar algo que ainda não temos, está nos deixando viciados.
Robert Lustig, em Dopamina: A Molécula do Desejo, explica que a dopamina não está ligada à felicidade duradoura, mas ao desejo constante por mais:
“A dopamina nos faz perseguir recompensas, mas nunca nos permite ficar satisfeitos. O prazer momentâneo nunca é suficiente; sempre queremos outro gole, outra dose, outra curtida.”
E é exatamente isso que acontece com as redes sociais. O Instagram, por exemplo, é um dos maiores gatilhos de dopamina que existem. Você assiste um vídeo, sente um prazer momentâneo, seu cérebro entende que aquilo foi uma recompensa e libera mais dopamina para que você continue assistindo. É um ciclo infinito.
O problema? Estamos nos tornando viciados em pequenos prazeres instantâneos, e isso está nos deixando imunes ao efeito da gratidão real. Tudo está tão acessível e rápido que ninguém quer mais se esforçar para conquistar algo maior.
Pensa na dieta. Você vê alguém compartilhando a rotina fitness no Instagram e se sente motivado. No mesmo instante, procura um nutricionista, salva receitas saudáveis, vai ao mercado e compra tudo para começar. Mas essa motivação inicial não dura muito. Em questão de minutos, você vê outro vídeo, dessa vez, alguém ensinando a fazer um bolo de chocolate perfeito. E adivinha? Seu cérebro libera dopamina de novo, te impulsionando a querer isso também.
A questão não é a dopamina em si, mas como estamos sendo bombardeados por estímulos vazios, que nos fazem pular de uma motivação para outra sem consistência. Estamos sendo movidos pelo que vemos nos vídeos, filmes e redes sociais, ao invés de sermos guiados pelo que realmente queremos.
E é aqui que entra a auto reflexão: o que realmente te motiva? O que faz sentido para você, de dentro para fora, e não apenas um desejo momentâneo causado pelo que alguém postou?
Te convido a fazer um exercício simples: pegue um caderno e escreva suas verdadeiras motivações. O que você quer conquistar? Qual é o seu “porquê” que vai continuar firme mesmo diante de outros estímulos?
Quando seu motivo deixa de ser um vídeo aleatório no Instagram e passa a ser, por exemplo, o desejo real de ter mais saúde e longevidade, os pequenos prazeres momentâneos deixam de ter tanto poder sobre você.
A dopamina pode ser sua inimiga se você deixar que ela te guie sem critério. Mas se aprender a direcioná-la, ela pode ser sua melhor aliada para alcançar tudo o que deseja.