Alta abstenção de eleitores retrata a tragédia venezuelana

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante campanha para as eleições legislativas em Caracas, na Venezuela, em 22 de maio de 2025. — Foto: Ariana Cubillos/ AP

Dois dias antes do voto, o ditador Nicolás Maduro resumiu, com um ato falho, o estado do regime que comanda há 12 anos na Venezuela, ao encerrar a campanha para as eleições legislativas e estaduais:

“O chavismo é minoria e vai ganhar as eleições”.

Ele ainda tentou se corrigir, mas a gafe reverberou na velocidade das redes sociais.

Neste domingo (25), as urnas demonstraram que o lapso de Maduro foi certeiro. Cerca de 60% dos eleitores se abstiveram de votar, obedecendo a um boicote convocado pela oposição. E em mais um pleito dominado pelo descrédito, o regime, em minoria, se declarou vitorioso: elegeu 23 governadores e pelo menos 40 das 50 cadeiras em jogo no Parlamento.

O chavismo recuperou os governos de Zulia, Barinas e Nueva Esparta, e diz ter obtido 82% dos votos. A oposição elegeu apenas um governador, José Alberto Galíndez, de Cojedes.

O ex-governador Henrique Capriles, que desafiou o boicote liderado pela líder opositora María Corina Machado, foi eleito deputado e fará figuração numa bancada minoritária.

Este panorama traduz a tragédia venezuelana em mais uma jornada eleitoral. De um lado, eleitores sendo obrigados a votar pelos comandos chavistas. De outro, a oposição rachada entre o dilema de votar ou não.

Num roteiro conhecido, o regime denunciou planos de sabotagem e prendeu 70 opositores nos dias que antecederam o voto.

Diante disso, as seções eleitorais desertas contrastavam com as de julho de 2024, no pleito em que Maduro se declarou vencedor sem apresentar as atas eleitorais. Desde então, María Corina está na clandestinidade, e Edmundo González, no exílio — ambos reivindicando a vitória por 70% dos votos.

Maduro classificou a envergonhada vitória deste domingo como resiliência do chavismo. O regime apostou no voto como um marco para virar a página do fiasco eleitoral das eleições presidenciais do ano passado, deslegitimado pela comunidade internacional.

O argumento de paz e estabilidade no país, alardeado pelo ditador e seus asseclas, não alcança a maioria dos eleitores venezuelanos, que, desta vez, optou por desprezar o ato de votar como um símbolo de resistência.

Fonte: G1 Mundo

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