SUS: Nordeste concentra menor acesso de crianças e adolescentes a tratamentos odontológicos segundo estudo

0
17

“A experiência com cárie é algo difícil de mensurar em um país como o Brasil, que possui dimensão continental e uma população que ultrapassa 200 milhões de habitantes. Mas alguns estados da região Nordeste e Centro-oeste apresentam maior prevalência em comparação aos demais. O componente socioeconômico vulnerável é fortemente associado à pior experiência com cárie”, disse o pesquisador.

Impactos da pandemia 

A pandemia de Covid-19 também teve impacto direto sobre os atendimentos odontológicos, com forte queda nos procedimentos eletivos em 2020. As regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas, agravando ainda mais as desigualdades já existentes. “O contexto pandêmico restringiu consultas odontológicas eletivas e priorizou as emergenciais. Esse longo período em baixa produtividade foi, sem dúvidas, um dos principais problemas para a saúde bucal de toda a população, inclusive de crianças”, disse Lima.

Com isso, aumentou o acúmulo de casos não atendidos. “Tudo isso impactou muito os cuidados preventivos com as crianças. Ações importantes como a primeira consulta, o acompanhamento do crescimento e o controle de doenças bucais ficaram em segundo plano”, disse cirurgiã-dentista Aline Moreno Ferreira Campos, professora do curso de especialização Odontologia em Saúde Coletiva: Ênfase em Saúde da Família e Comunidade, do Ensino Einstein.

Somam-se a isso fatores como a escassez de profissionais, menor número de centros especializados, dificuldades de gestão e desigualdades socioeconômicas. “Como consequência, houve risco de piora nos indicadores de saúde bucal infantil e aprofundamento das desigualdades regionais no acesso aos cuidados odontológicos”, comentou Moreno.

Diante desse cenário, os pesquisadores defendem que a odontopediatria passe a ser uma especialidade obrigatória nos CEOs, como já acontece com outras áreas como endodontia e periodontia. Isso garantiria um atendimento mais equitativo e contínuo para as crianças em todo o país. “Ter um especialista fixo para cuidar das crianças é fundamental. Mesmo com uma atenção básica bem estruturada, alguns casos exigem conhecimento mais aprofundado, como cirurgias, tratamentos endodônticos ou reabilitações”, destacou Ricardo Lima.

A professora Aline Moreno concorda e destaca dois benefícios principais: “Aumentar o acesso ao atendimento para casos mais complexos e permitir um monitoramento mais preciso dos indicadores de saúde bucal infantil”, disse a especialista, que acredita que a mudança poderia ajudar a reduzir as desigualdades regionais, ao forçar uma estrutura mínima em todas as regiões e estimular a formação de mais especialistas onde há maior carência.

Em nota enviada à Agência Einstein, o Ministério da Saúde informou que em 2024 registrou investimento recorde em saúde bucal: R$ 4,8 bilhões. Acrescentou ainda que, em 2023, foi sancionada a lei que incluiu a Política Nacional de Saúde Bucal na Lei Orgânica da Saúde, tornando a saúde bucal um direito de todos os brasileiros pelo SUS.

O documento diz que, em março de 2025, a pasta incluiu um incentivo financeiro federal para apoiar a implantação e o custeio de especialidades ainda não ofertadas nos CEO do SUS, o que permite que gestores incluam atendimentos de odontopediatria em serviços já existentes. Atualmente, há 1.771 odontopediatras registrados no SUS, sendo 695 atuantes nos CEO.

O Ministério da Saúde informou, ainda, a criação do Serviço de Especialidades em Saúde Bucal (Sesb), voltado a municípios com até 30 mil habitantes, que oferece atendimento odontológico especializado, conforme as necessidades locais. Esta disponibilização reforça o compromisso de garantir atendimento odontológico integral em regiões desassistidas.

Fonte: Agência Einstein / Acorda Cidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here