Receber uma notificação é um convite para checagem, mas o uso do celular em excesso pode causar problemas. — Foto: Freepik.
Você já sentiu que está perdendo algo importante só porque ficou algumas horas longe das redes sociais? Esse sentimento tem nome e afeta cada vez mais adolescentes, jovens e até adultos. É a chamada síndrome de Fomo, sigla em inglês para Fear of Missing Out, que significa literalmente “medo de ficar de fora”.
A Fomo é caracterizada por uma ansiedade constante relacionada ao que acontece no ambiente digital. Ela se manifesta quando a pessoa sente que está perdendo algo importante: um evento, uma notícia ou uma tendência. Por isso, passa a fazer parte de um ritual de checagem frequente de aplicativos e redes sociais. A notificação se torna um gatilho para esse comportamento.
“Com a ascensão das redes sociais, é como se a gente estivesse criando universos paralelos, principalmente os adolescentes, que são a faixa etária que mais usam as redes sociais. Eles estão dentro de casa, eles estão na escola, mas eles estão também paralelamente querendo vivenciar essas realidades das redes sociais em interação com colegas ou até mesmo com pessoas que eles nunca viram na vida.”, explica a psicóloga Jamile dos Anjos.

A Fomo também pode se manifestar no ambiente de trabalho, como no hábito de acompanhar constantemente grupos de mensagens da empresa, mesmo fora do expediente. Essa vigilância permanente compromete os momentos de descanso, fundamentais para a saúde mental, o bem-estar físico e a criatividade.
Na vida pessoal, o impacto não é menor. Surge uma comparação constante com os outros, aquela sensação de que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Isso leva à checagem repetitiva das redes sociais, alimentando a ideia de que todos estão vivendo melhor, o que pode abalar diretamente a autoestima. Segundo a psicóloga, esse comportamento cria uma sensação constante de insatisfação. “A ideia de estar o tempo inteiro frustrado, o tempo inteiro não satisfeito com aquilo que gostaria, porque as expectativas vão sendo colocadas sempre em patamar inalcançável. Então essa insatisfação aumenta a cada momento, aumenta e leva ao adoecimento. A questão da ansiedade, depressão e distúrbios de sono”.
Celular pode indicar vício
O uso constante do celular não apenas altera hábitos, como também pode criar um verdadeiro vício. Isso porque, ao interagir com notificações ou navegar nas redes sociais, o cérebro libera dopamina, substância ligada à sensação de prazer.
Essa liberação ocorre em áreas que regulam tanto o bem-estar quanto o controle dos impulsos. Com o tempo, esse estímulo repetitivo pode levar à perda de controle sobre o tempo gasto nas telas, favorecendo quadros de ansiedade, dificuldade de atenção, estresse e até dependência digital. A psicóloga Jamile dos Anjos alerta para os sinais de quem está sofrendo com a Fomo: “Os sinais são dos mais diversos, mas geralmente está ligado ao contato repetitivo de abrir e fechar a tela pra poder ver as redes sociais. Aquele movimento de pegar o celular toda hora”.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Fonte: Acorda Cidade