O dano silencioso que a pressão alta pode estar causando no seu cérebro agora

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A hipertensão pode ser mais perigosa do que você pensa Crédito: Freepik

Embora a pressão alta seja amplamente conhecida por seus impactos no coração e rins, novas descobertas científicas revelam que o cérebro também é uma de suas principais vítimas. Esses efeitos são frequentemente silenciosos, começando a surgir muito antes de quaisquer sintomas físicos se manifestarem, exigindo atenção.

Um recente levantamento científico publicado no The Journal of Physiology apontou que a hipertensão prolongada desestabiliza três componentes cruciais para a saúde cerebral: a pressão intracraniana (PIC), a complacência craniana (ICC) e a barreira hematoencefálica (BHE).

A alteração desses fatores, que são responsáveis por manter o delicado equilíbrio de volumes e pressões dentro do crânio e proteger o cérebro, pode levar a um declínio cognitivo, maior risco de AVC e até mesmo ao desenvolvimento precoce de demência.

Os mecanismos do dano cerebral

Uma das observações mais relevantes do estudo foi a análise da “onda de pressão intracraniana”. Em cérebros saudáveis, o pico P1 é dominantemente maior que o P2. A inversão dessa relação indica uma complacência cerebral reduzida, significando que o cérebro perdeu sua capacidade de adaptação.

Além disso, a hipertensão afeta o sistema nervoso autônomo. A longo prazo, ela desencadeia uma hiperatividade do sistema simpático, responsável por controlar funções essenciais como a frequência cardíaca e a pressão arterial, gerando um desequilíbrio orgânico contínuo.

Idosos precisam medir pressão arterial por Shutterstock

Isso culmina na perda da autorregulação cerebral. A hipertensão impacta o cérebro e, como consequência, o próprio cérebro perde o controle sobre sua pressão, criando um ciclo vicioso que acelera os danos neurológicos e a deterioração da saúde.

A proteção natural do cérebro em risco

A integridade da barreira hematoencefálica (BHE) é também seriamente afetada. Quando essa estrutura vital sofre danos, o cérebro torna-se mais vulnerável a substâncias inflamatórias, o que pode, por sua vez, acelerar os processos neurodegenerativos.

Eduardo Colombari, neurocientista um dos pesquisadores, em entrevista ao Jornal da Unesp, destaca que “a ruptura da BHE pode preceder até a perda de memória, funcionando como um gatilho para o declínio cognitivo”.

Intervenção precoce: a chave para a proteção

O levantamento enfatiza que monitorar a pressão arterial e os sinais cerebrais relevantes é crucial para evitar consequências mais graves. Felizmente, estudos em modelos experimentais mostraram que medicamentos como a losartana podem reverter danos à PIC, ICC e BHE.

É importante notar que outras medicações, como a hidralazina, não oferecem os mesmos benefícios neurológicos, reforçando a necessidade de uma escolha terapêutica informada e específica para o combate dos efeitos da hipertensão no cérebro.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere o uso de métodos como o MAPA (monitoramento ambulatorial) e o MRPA (monitoramento residencial). Esses monitoramentos são cruciais para detectar a ausência de queda da pressão arterial durante o sono (non-dipping), um fator de risco cerebral.

Colombari conclui que “observar padrões como o índice P2/P1 e a integridade da BHE permite intervenções antes do surgimento dos sintomas. Isso é o que pode mudar a trajetória de muitos pacientes”. 

Fonte: Jornal Correio

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