Exposição de arte norte-coreana na Rússia mostra proximidade entre países

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Pintura de soldados russos e norte-coreanos exposta em exibição de artes na Rússia  • REUTERS

Tropas russas e norte-coreanas sorridentes seguram bandeiras dos dois países enquanto celebram a vitória sobre as forças ucranianas na região russa de Kursk, e uma pintura das tropas de Pyongyang engajadas em um tiroteio contra as forças ucranianas.

O que é anunciado como a maior exposição de arte norte-coreana realizada fora do estado recluso é o mais recente sinal de aproximação entre Moscou e Pyongyang – e evidência de seu abraço geopolítico cada vez mais estreito diante do que eles dizem ser um ocidente hostil.

Isso também marca uma reviravolta nas relações públicas.

Durante meses, Rússia e Coreia do Norte tentaram manter em segredo o papel que os soldados de Pyongyang desempenharam em ajudar Moscou a expulsar os ucranianos de Kursk, no oeste da Rússia. Agora, é motivo de orgulho mútuo e público.

“Eu me curvo diante da conquista de nossos irmãos norte-coreanos na libertação do solo de Kursk“, escreveu Alexander, um integrante do público, no livro de comentários da exposição em Moscou.

A ofensiva, a maior incursão estrangeira em território russo desde a Segunda Guerra Mundial, viu forças ucranianas invadirem a fronteira russa em 6 de agosto do ano passado, pegando Moscou desprevenida e envergonhada.

Em seu auge, as forças ucranianas reivindicaram quase 1.400 quilômetros quadrados de Kursk em uma operação que Kiev afirmou ter sido planejada para aliviar a pressão sobre as próprias forças no leste da Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, telefonou para comandantes, que elogiaram os norte-coreanos por lutarem lado a lado com eles, em abril, para parabenizá-los por expulsarem os ucranianos.

O envio de tropas norte-coreanas – reconhecido pela primeira vez no mesmo mês – e o fluxo de armas norte-coreanas deram à Rússia uma vantagem crítica no campo de batalha, segundo uma investigação da agência de notícias Reuters.

Isso teve um custo alto.

A inteligência militar britânica estima que a força norte-coreana de cerca de 14 mil homens sofreu mais de 6 mil baixas.

Realismo socialista

Uma fotografia gigante de Putin e Kim Jong-un, da Coreia do Norte, apertando as mãos, se destaca no início da exposição “Exposição de Arte RPDC. Um País de Grandes Pessoas”, que ocupa parte do Museu de Artes Decorativas da Rússia, no centro de Moscou.

Foto em exposição do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un cumprimentando o presidente da Rússia, Vladimir Putin • REUTERS
Foto em exposição do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un cumprimentando o presidente da Rússia, Vladimir Putin • REUTERS

A exposição exibe mais de cem pinturas e outras obras de arte, muitas das quais remetem ao realismo socialista soviético.

Famílias felizes são retratadas observando prédios de apartamentos em estilo soviético, descritos como “moradias de luxo”, mísseis são mostrados sendo lançados e trabalhadores rurais sorridentes são retratados colhendo a colheita.

Outras pinturas retratam cenas de batalha da Guerra da Coreia de 1950-53, refletindo a narrativa preferida de Pyongyang.

Uma delas, por exemplo, intitulada “As bestas americanas sedentas de sangue”, mostra um soldado americano brandindo um machado sobre uma estudante norte-coreana com a blusa ensanguentada.

Pintura de soldado norte-coreano exposta em exibição de artes na Rússia • REUTERS
Pintura de soldado norte-coreano exposta em exibição de artes na Rússia • REUTERS

Parceria estratégica

Os líderes da Coreia do Norte e da Rússia selaram um tratado de parceria estratégica no ano passado, que incluía um pacto de defesa mútua, e Kim, que chama Putin de “seu camarada mais querido”, prometeu que seu país – um inimigo tradicional dos Estados Unidos – sempre estará ao lado de Moscou.

Os EUA e a Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte de enviar armas à Rússia para uso em sua guerra contra a Ucrânia.

Moscou e Pyongyang negaram transferências de armas, mas têm se mostrado mais interessados ​​em conversar sobre outros aspectos de seu crescente relacionamento.

Os voos diretos entre Moscou e Pyongyang foram retomados neste ano pela primeira vez desde meados da década de 1990, assim como uma rota ferroviária direta, que, com mais de 10 mil km, a Rússia afirma ser a viagem ferroviária direta mais longa do mundo.

Alguns turistas russos agora também estão optando por passar férias na Coreia do Norte como parte de grupos turísticos organizados e altamente controlados, com agências de turismo promovendo um novo resort de praia – Wonsan Kalma, às margens do Mar do Japão – como algo que vale a pena visitar.

Olga, visitante da exposição de arte, falou que a exposição mudou sua visão sobre a Coreia do Norte, que, segundo ela, antes se baseava em notícias e clichês, e abriu uma rara janela para o modo de vida das pessoas no país.

“Qualquer país que defenda suas opiniões e seus interesses é digno de respeito, na minha opinião”, declarou ela.

Ali perto, uma tela de vídeo transmitia imagens de propaganda de arquivo enquanto um diplomata norte-coreano, vestido de terno preto, observava atentamente as pinturas.

Fonte: CNN Brasil

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