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Um ano após a popular ‘Taxa das Blusinhas’ entrar em vigor, consumidores começaram a sentir no bolso o impacto da tarifa de 20% sobre importações de até US$ 50, promovida pelo Governo Federal.
A taxa das blusinhas, ao contrário do que indica o nome, não se aplica somente a blusas ou somente ao setor têxtil, mas a todas as compras feitas em plataformas de ecommerce internacionais, incluindo produtos eletrônicos, utensílios domésticos, perfumaria etc.
Um levantamento da LCA, realizado a pedido da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia – Amobitec, aponta que apesar da taxa não ter impacto mensurável na geração de empregos, penaliza principalmente os consumidores de baixa renda, que passaram a pagar mais caro pelos produtos e a consumir menos.
Consumidores de baixa renda sofrem mais
Outro fator que impacta os consumidores está ligado ao fato do Brasil ter uma das maiores cargas tributárias sobre importação de baixo valor da América Latina.
O estudo mostra que o peso do novo imposto foi sentido de forma desigual pela população. Segundo pesquisa realizada pelo Plano CDE, utilizada pela LCA, cerca de 70% de toda a arrecadação com a taxa vem de consumidores das classes C, D e E.
Essas faixas de renda foram as mais impactadas quando se considera o peso do novo imposto sobre a renda disponível, configurando uma tributação regressiva que penaliza proporcionalmente as famílias de menor renda.
Queda nas importações e no padrão de vida
A LCA identificou uma queda imediata, em agosto de 2024, de US$ 122 milhões nas importações mensais de bens de consumo, número que chega a US$ 176 milhões em junho de 2025, ao se considerar a tendência de crescimento interrompida após a criação da taxa.
O estudo destaca que tarifas de importação aumentam os preços por definição e o encarecimento dos produtos recai diretamente sobre o bolso dos consumidores finais.
Entre os consumidores das classes C, D e E, entrevistados pelo Plano CDE, a parcela de consumidores que desistiu da compra nas plataformas de e-commerce após checar o preço final com imposto subiu de 35% para 45% entre agosto de 2024 e abril de 2025. Além disso, 80% afirmaram buscar produtos difíceis de encontrar no Brasil, o que mostra que a política também reduziu a diversidade de bens disponíveis.
Geração de emprego não cresceu
Considerando os dados do Ministério do Trabalho, análise estatística presente no estudo constatou que nos doze meses seguintes à introdução da taxa das blusinhas, que passou a vigorar em 1º de agosto de 2024, o crescimento do emprego em setores do varejo e da indústria beneficiados com a taxação da importação de baixo valor se manteve no patamar verificado nos doze meses anteriores.
Além disso, o crescimento do emprego nesses mesmos setores nos 12 meses posteriores à taxa das blusinhas está abaixo do crescimento do emprego geral no Brasil: 0,97% no comércio varejista beneficiado e 0,97% nas indústrias beneficiadas, contra 3,04% na média nacional.
Em resumo, a taxa das blusinhas não teve impacto direto sobre emprego mesmo em segmentos que teoricamente seriam diretamente beneficiados e o pequeno crescimento existente no período é reflexo do aquecimento geral da economia.
Fonte: A Tarde









