Escalada militar Trump x Maduro: sem mencionar EUA, Celac e UE rejeitam ‘uso da força’ no Caribe

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Imagem mostra o presidente dos EUA, Donald Trump (E), em Washington, DC, em 9 de julho de 2025, e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (D), em Caracas, em 31 de julho de 2024. — Foto: AFP/Jim Watson

Países da América Latina e da União Europeia rejeitaram no domingo (9), em uma declaração conjunta, o “uso da força” que contradiz o direito internacional no Caribe, em um momento de tensão com os Estados Unidos por conta de ataques contra embarcações na região e uma escalada de tensões contra o regime Maduro.

O primeiro dia da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE) foi marcado por críticas veladas a Washington e menções a conflitos internacionais, como Ucrânia e Gaza. O encontro termina nesta segunda-feira (10) na cidade colombiana de Santa Marta, com ausências notáveis.

“Reiteramos nossa oposição ao uso ou à ameaça do uso da força e a qualquer ação que não esteja em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”, afirma a declaração assinada no domingo por 58 das 60 nações presentes. Venezuela e Nicarágua se afastaram do documento.

“Abordamos a importância da segurança marítima e da estabilidade regional no Caribe”, acrescenta o texto, sem mencionar diretamente os bombardeios americanos contra embarcações supostamente carregadas com drogas no Caribe e no Pacífico, que já somam 70 mortos.

A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, explicou o motivo da ausência de menção ao governo de Donald Trump: “Porque não teríamos conseguido que os países se somassem [na declaração conjunta], muito simples”.

Em discurso na cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado do presidente colombiano Gustavo Petro, anfitrião da cúpula, reiterou sua preocupação com a presença militar dos EUA na América Latina e criticou a intervenção na região.

“A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, afirmou Lula.

Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos

Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos

A reunião de cúpula acontece com uma participação reduzida de representantes da Celac e da UE e no momento em que a Colômbia enfrenta sua pior crise com os Estados Unidos, país do qual é um aliado histórico.

Petro chamou de “execuções extrajudiciais” os ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico próximo da costa da América do Sul, ordenados por Trump. O presidente dos EUA, então, impôs sanções financeiras ao colombiano e o chamou de “traficante de drogas ilegal”. Petro, por sua vez, disse que combate o narcotráfico há décadas na Colômbia.

A presença militar de Washington na região também aumentou as tensões com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que denuncia um interesse da Casa Branca em derrubar o seu governo.

“Só se pode recorrer à força por dois motivos, seja em legítima defesa ou em virtude de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU”, disse Kallas no início do encontro.

A declaração conjunta da quarta reunião entre os blocos —que sucede a de Bruxelas em 2023— inclui também uma condenação à “guerra em curso contra a Ucrânia que continua provocando um imenso sofrimento humano”.

Segundo Kallas, este foi o ponto de discórdia para que Venezuela e Nicarágua se afastassem da declaração.

O documento também faz referência à campanha militar israelense em Gaza e menciona uma solução de dois Estados.

Dos 33 membros da Celac e 27 da UE, apenas nove chefes de Estado ou de Governo participam da cúpula, incluindo o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

Fonte: G1 Mundo

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