Brasil é o 4º país com mais jovens “nem-nem”: um retrato preocupante da juventude fora da escola e do mercado de trabalho

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O Brasil voltou a figurar nas primeiras posições do ranking mundial de jovens que não estudam e não trabalham — o grupo conhecido como “nem-nem”. De acordo com dados recentes de organismos multilaterais, o país ocupa a 4ª colocação global, uma posição que evidencia os desafios estruturais enfrentados pela juventude brasileira e o impacto direto disso no desenvolvimento econômico e social.

A classificação chama atenção tanto pelo volume absoluto quanto pela proporção. Em um país com mais de 50 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, a estimativa é de que milhões de jovens estejam desconectados das oportunidades de estudo e emprego, compondo um contingente que preocupa especialistas em educação, economia e políticas públicas.

Um fenômeno multifatorial

A presença expressiva de jovens “nem-nem” no Brasil não é um fenômeno simples. Pesquisadores apontam que ele é resultado de uma combinação de fatores econômicos, sociais, educacionais e culturais — muitos deles históricos, outros agravados nos últimos anos.

Desemprego jovem persistentemente alto

Tradicionalmente, o desemprego entre jovens é maior que a média nacional. As empresas buscam experiência que essa parcela da população ainda não possui, e o primeiro emprego se torna um obstáculo. Mesmo quando o mercado melhora, a recuperação costuma ser lenta para os mais jovens.

Evasão escolar e falta de perspectivas

Outro componente importante é a evasão escolar, motivada pela falta de recursos, pela necessidade de trabalhar informalmente ou pela baixa atratividade do ensino médio brasileiro. Muitos estudantes relatam não enxergar relação entre o que aprendem e o que desejam para o futuro.

Informalidade invisível

Embora parte desses jovens realize trabalhos informais ou esporádicos, isso não os coloca nas estatísticas oficiais de ocupação. São atividades muitas vezes instáveis, mal remuneradas e insuficientes para caracterizar participação efetiva no mercado.

Efeitos prolongados da pandemia

O período pós-pandêmico agravou desigualdades, interrompeu trajetórias escolares e reduziu oportunidades de emprego. Mesmo após a reabertura econômica, muitos jovens não conseguiram retomar o ritmo de estudos ou ingressar em novas ocupações.

As consequências sociais e econômicas

O grande número de jovens “nem-nem” produz impactos significativos — tanto individuais quanto coletivos.

Perdas econômicas mensuráveis

A ausência de jovens no mercado de trabalho representa menor produtividade e redução de mão de obra qualificada no futuro. Economistas já apontam que o país perde bilhões anualmente devido à falta de inserção produtiva dessa parcela da população.

Risco de vulnerabilidade social

Jovens sem estudo ou trabalho ficam mais expostos à dependência financeira, depressão, uso de substâncias e até recrutamento por organizações criminosas. Para muitos, a sensação de estagnação se torna um círculo difícil de romper.

Desigualdade reforçada

O fenômeno também aprofunda desigualdades regionais e de classe. Jovens pobres são os mais afetados, especialmente fora dos grandes centros urbanos.

O que está sendo feito — e o que ainda falta fazer

O Brasil possui iniciativas que buscam combater o problema, como programas de aprendizagem, incentivos à permanência escolar, cursos profissionalizantes e políticas de acesso ao ensino técnico. Mas especialistas alertam que o alcance ainda é insuficiente.

Soluções apontadas incluem:

  • Reformular o ensino médio para torná-lo mais conectado ao mercado e à vida prática
  • Ampliar políticas de renda e apoio a famílias vulneráveis
  • Estimular a contratação de jovens por meio de subsídios e programas de primeiro emprego
  • Expandir cursos de qualificação digital
  • Fortalecer parcerias entre setor público, empresas e instituições de ensino

Também há um consenso de que escutar os jovens é fundamental para criar políticas mais eficazes — entender suas expectativas, frustrações e dificuldades reais.

Uma urgência nacional

A persistência do Brasil no topo do ranking mundial de jovens “nem-nem” não é apenas um indicador estatístico, mas um sinal claro de um problema estrutural que exige ação coordenada.

Enquanto milhões de jovens continuam parados no tempo, o país também deixa de avançar.

Reverter esse quadro é um desafio que envolve educação, economia, política e sociedade. E, acima de tudo, requer compromisso contínuo para garantir que a juventude brasileira tenha oportunidades reais de construir seu futuro.

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