O Dr. Richard Restak compara o álcool a uma ‘neurotoxina direta’ que prejudica a função cerebral e a memória; o especialista revela a idade em que a eliminação total da bebida é fundamental para prevenir a Síndrome de Wernicke-Korsakoff Crédito: Freepik
Beber apenas em ocasiões sociais não é isento de risco. Uma ampla revisão científica liderada por pesquisadores da Florida Atlantic University (FAU) indica que o consumo de álcool, mesmo em níveis considerados moderados, está associado a um risco maior de desenvolver diferentes tipos de câncer. O risco cresce conforme aumentam a quantidade ingerida e a frequência do consumo.
O estudo analisou 62 pesquisas realizadas nos Estados Unidos, com amostras que variaram de dezenas a quase 100 milhões de participantes. As associações mais consistentes foram observadas para câncer de mama, colorretal, fígado e cavidade oral, além de laringe, esôfago e estômago.
Os dados mostram que não é apenas o volume total de álcool que importa. Pessoas que bebem com mais frequência também apresentam maior risco oncológico, mesmo sem consumo considerado excessivo.
Segundo os autores, há um padrão claro: quanto maior a ingestão, maior o risco. Fatores como idade, sexo, tabagismo, histórico familiar, genética e condições de saúde interferem nesse impacto. Grupos como idosos, pessoas com doenças crônicas e populações em situação socioeconômica desfavorável aparecem como mais vulneráveis.
Os pesquisadores explicam que o álcool pode favorecer o desenvolvimento do câncer por diferentes mecanismos biológicos. Entre eles estão danos ao DNA causados pelo acetaldeído (substância produzida quando o corpo metaboliza o álcool), alterações hormonais, estresse oxidativo, enfraquecimento do sistema imunológico e maior absorção de agentes cancerígenos.
Esses efeitos tendem a ser potencializados quando existem outras condições associadas, como tabagismo, má alimentação ou predisposição genética.
A revisão aponta que o mesmo padrão de consumo não afeta todos da mesma forma. Pessoas com obesidade, diabetes ou outras comorbidades podem apresentar risco maior. O tabagismo, quando combinado ao álcool, amplia ainda mais as chances de câncer, com diferenças observadas entre homens e mulheres.
Também há indícios de variações por sexo: o consumo frequente aparece mais associado ao risco entre homens, enquanto episódios de consumo excessivo em curto período têm impacto maior entre mulheres.
Alguns estudos incluídos na revisão observaram diferenças conforme o tipo de bebida, com associações pontuais envolvendo cerveja e vinho branco em determinados cânceres. Os autores, porém, destacam que esses resultados devem ser interpretados com cautela e não permitem afirmar que uma bebida seja “segura” em relação a outra.
Fonte: Jornal Correio









