– Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
*Por Redação da A Tarde
As repetidas ações judiciais contra operadoras de plano de saúde expõem uma contradição viral da mecânica de mercado. A busca de lucrar mais e mais, para acumular capital, orgânica ao modelo econômico, é incompatível com o bem-estar dos clientes.
Basta verificar o patamar de 112% de crescimento dos processos contra as empresas, no período entre 2020 e 2024. Ora, não é difícil constatar a encruzilhada, na hipótese de se pensar honestamente tal contexto de mútua excludência, ou se ganha dinheiro, ou se cuida do paciente.
Quando o recorte recai sobre quem desenvolveu diagnóstico de espectro autista, fica ainda mais óbvio admitir o descompasso. As terapêuticas são custosas o suficiente para desequilibrar o cânone da administração, conhecido por custo x benefício.
Logo, preferem interromper o tratamento a ter algum prejuízo. Fica evidente a contribuição dos competentes empresários em demonstrar, pela fórmula a então b, a maior relevância do valor financeiro sobre o moral.
Vai mais além a gula por acúmulo, necessária ao capital, pois sua escalada tem causa eficiente na exploração da clientela, posicionando a vida humana em lugar de subalternidade. Este acréscimo é o rompimento do contrato, sem buscar acordo e sequer avisar ao responsável pela pessoa autista.
A última lâmina amplia a indignação e a suspeita de iniquidade – quando se tem prazer em fazer o mal. Esta trata da retirada da clínica na qual é realizado o atendimento, em plena atitude acintosa de agressão ao mínimo princípio civilizatório.
Não é nenhuma prova de inteligência acima da média validar mais uma proposição lógica: se é para deixar de drenar recursos a fim de pagar alguma conta, as operadoras fazem a escolha reveladora do caráter verdadeiro por baixo de toda a capa publicitária.
Preferem pagar caro aos advogados para defendê-las nos tribunais em vez de custear as terapias, ao contrário do que costumam alardear quando precisam ampliar o alcance de seus tentáculos.
Fonte: A Tarde









