O Bahia perdeu por 1 a 0 para a Chapecoense, na noite desta terça-feira, e teve encerrada a invencibilidade dentro de casa na Série B. O Tricolor sofreu gol de Chrystian logo aos dois minutos, mas ficou com vantagem numérica aos sete, com expulsão de Perotti. A equipe, porém, não conseguiu aproveitar e ainda viu Patrick de Lucca receber o cartão vermelho na etapa final.
Na entrevista coletiva após a partida, o técnico Guto Ferreira destacou a campanha da Chapecoense, uma das melhores visitantes da Série B, e o peso do Tricolor ter sofrido gol cedo. O treinador também reclamou da arbitragem.
– Fora de casa tem a segunda melhor campanha. Não perderam fora de casa ainda. Com os três pontos hoje, tem a mesma pontuação do Cruzeiro (fora de casa). O gol foi muito cedo, aí muito do planejamento precisa ser reprogramado. É um time muito experiente, os caras queimaram tempo o jogo todo. O árbitro tentou ser enérgico, mas é do jogo. Isso muitas vezes quebra o ritmo. São situações que vão acontecendo. Aí os caras já se fecham. A ansiedade acaba se tornando normal por você querer muito. A gente circulava a bola, mas não achava a brecha de entrada. A gente tentou quebrar a linha, teve um lance do Rildo para o Rodallega, depois teve o lance do Jacaré que deram impedimento. A gente buscou das mais variadas formas. Tenho certeza que se a gente tivesse conseguido o empate com algum tempo antes do fim, a gente buscaria o segundo gol. Uma coisa é correr no 0 a 0, outra é correr no 1 a 0 contra e com o time todo lá atrás. É difícil de quebrar. É uma equipe que vem amadurecendo enquanto equipe, vem conseguindo resultados importantes. Eu estaria preocupado se a gente não tivesse criado oportunidades, mas criamos – avaliou o técnico.
Guto também explicou as mudanças no segundo tempo, quando promover as entradas de Rezende, Luiz Henrique e Jacaré nos lugares de Mugni, Djalma e Ignácio. Com isso, Patrick de Lucca passou a atuar como zagueiro. O defensor, porém, foi expulso aos 20 minutos do segundo tempo após receber o segundo cartão amarelo.
– Nossa equipe foi para cima, na sequência o Perotti foi expulso, e aí eles fizeram um ferrolho lá atrás. Nossa equipe vai para cima e cria chances. Faltou um detalhe na finalização. No segundo tempo trouxemos o Patrick para jogar ao lado do Luiz Otávio e melhorar a construção. O Mugni com certeza sairia no decorrer, aí trouxemos o Rezende para proteger porque é um jogador que também tem passe. Tem pegada e tem passe. Mas ele não conseguiu fazer um jogo no nível que vinha fazendo. O Davó foi jogar junto com o Rodallega. Enfiamos quatro jogadores lá na frente. Rildo, Jacaré, Rodallega e Davó. Jogamos os laterais lá na frente também. Com isso, começamos a criar situações de gol. Chute na trave, defesa de qualidade do goleiro deles. Até que o Patrick toma o amarelo. Logo depois ele toma o vermelho. Foi próximo né?! Naquele momento, do jeito que estava o jogo, eu não podia abrir mão do passe do Patrick. Era só uma questão de se manter tranquilo. A gente reposicionou a equipe.
– Foi um jogo praticamente só de ataque. Tentamos com o Raí também, mas não conseguimos o que a gente mais buscou, que foi o gol. O gol deles no início fez toda diferença para eles. Tivemos lances polêmicos ali, em termos de situação. Se efetivasse o pênalti ali do Jacaré, por exemplo. São situações que fogem um pouco do controle.
O Bahia só volta a jogar pela Série B no dia 25 deste mês, quando enfrenta o Novorizontino, na Arena Fonte Nova, às 16h (horário de Brasília). Antes, o Tricolor tem compromisso pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A partida de ida contra o Athletico-PR está marcada para a próxima quarta-feira, na Fonte, às 19h30.
Veja outros trechos da entrevista coletiva:
Desculpas ao torcedor
– Tem dias que as coisas não acontecem como a gente deseja. O nosso torcedor do começo ao fim nos apoiou. Agradecer por isso. A gente queria seguir 100% até o fim do Campeonato, mas era uma coisa difícil. Buscamos do começo ao fim, infelizmente não aconteceu. Mas não muda a entrega, o respeito a camisa do Bahia, a dignidade do jogador dentro de campo. Isso acho que é o fator mais importante. Se você analisar toda estatística do jogo, a única coisa que fez a diferença foi o gol.
Ofensas a torcedor
– Imagina a tensão do jogo em uma partida que podia nos colocar na liderança, que era o que a gente mais queria. Aí eu fui ofendido e retribuí a ofensa. Eu peço desculpa para ele. Na condição de treinador não podia ter feito. Reconheço meus erros. Por ter o máximo respeito pelo torcedor, não podia ter feito isso.
Dificuldade contra a Chapecoense
– Tem uma situação muito importante nessa diferença da partida do Criciúma para essa. O Criciúma, por estar com um a mais, não colocou todo mundo lá atrás para sustentar o 1 a 0. Ele saiu para o jogo, tentou fazer o segundo. E aí a gente achou o gol do empate. Quando eles tentaram ganhar porque estavam com um a mais, a gente foi lá e fez o segundo. Hoje a Chape colocou três zagueiros para segurar. Chegou a colocar seis jogadores lá atrás. Eles ficavam guardando posição para não permitir o contra-ataque. Esse foi o grande problema. Esse congestionamento próximo a área. Quando tivemos oportunidade, não conseguimos. Ou quando conseguimos, o goleiro foi bem.
Atuação de Rodallega
– Tranquilo. Eu sabia que no primeiro momento da volta dele, ele teria dificuldade. Pelo tempo que ficou parado, ele perdeu ritmo. E ele voltou, não com semana cheia, voltou com sequência de jogos. Só agora ele vai ter tempo de recuperar. A tendência é que a próxima partida ele esteja um pouco melhor. Quando tiver semana livre, o jogo dele vai melhorar. É um jogador que tem o trato com a bola, muitas vezes consegue clarear situações para a gente. Quando a voltar a fazer gol vai ser o Rodallega que a gente conhece.
Substituições
– Nós saímos no primeiro tempo com um jogador a mais para jogar com uma equipe que estava toda atrás. Trazendo o Patrick para trás, a gente teve a melhora da construção e pôde trazer o Daniel para jogar um pouco mais atrás, compensando pela presença do Rezende, que é um jogador de marcação. Dificilmente eu jogaria com Mugni e Daniel ali, porque meu meio ia ficar aberto, mesmo com um jogador a mais. O Rezende deu consistência defensiva, e é um jogador que tem passe também. Embora ele não tenha feito muito bem esse papel hoje, mas sei que ele vai retomar no melhor nível. Davó passou a jogar por dentro como referência, junto com o Hugo. Rildo e Jacaré seguraram os dois laterais deles para tentar fazer a gente ganhar com as ultrapassagens dos nossos laterais. Foi o que a gente buscou ali.
Substituição de Mugni
– O Mugni dificilmente iria até o fim, pela sequência de jogos. Se eu seguro o Mugni, meu meio ia ficar aberto mesmo com um jogador a mais porque eu estou trazendo o Patrick para trás. Trazendo o Daniel para trás, ele acertou passes muito bons. E a gente conseguiu algumas situações ali, com Rildo e Jacaré por dentro para que a gente pudesse trabalhar na ultrapassagem. A gente precisava ser mais agressivo, então a gente foi para o tudo ou nada com Raí.
Fonte: Globo Esporte