E é sob um grande manto de ancestralidade espiritual que aconteceu neste domigno (27) a Caminhada AXÉ PRA QUEM VIER, na Ilha de Itaparica.
Em meio a essa troca de energia, mulheres e homens de axé falaram de suas realidades, e do sequestro de seus ancestrais africanos, vendidos em solo brasileiro, mas que mantiveram a ancestralidade mesmo debaixo do açoite.
“O terreiro de Candomblé é um espaço que contempla reconstruir valores, e o principal é a questão da família pelo fato de nossa religião vir de África de uma forma subumana e issomostra a necessidade de ajudar o outro” Disse um pai de Santo.
“O terreiro é o local onde os povos se fortalecem, independente de cor, de credo e de etnia. As pessoas que não conhecem o candomblé acham que a gente cultua o diabo, mas o diabo para mim é da Igreja Católica, o anjo Lúcifer, nós cultuamos Exú, que é o mensageiro entre o natural e o sobrenatural, e cultuar Exú é cultuar a alegria, a fertilidade, a vida”.
Segundo a líder espiritual, a religiosidade dos povos de axé está presente em todas as esferas da vida e os terreiros não são um lugar apenas de oração “a gente recria espaços de acolhimento ancestral, espiritual e psicológico, as pessoas chegam no terreiro com muita fragilidade, seja pela exclusão, pelo racismo, pelo ódio, pela forma como o negro é tratado no Brasil”, explica outra líder espiritual.
O evento aconteceu durante todo o dia, iniciando com uma caminhada e após reuniram-se para falar sobre a intolerância religiosa, pregaram a paz e fortaleceram a identidade religiosa. Logo após as palestras, tiveram apresentações artísticas, shows com samba de roda, dentre outros.
O evento teve apoio da Prefeitura Municipal de Itaparica e do Governo do Estado da Bahia.