O transplante de Faustão

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As redes sociais entraram em frenética repercussão acerca do já realizado transplante do famoso apresentador Faustão. Isso porque ele estava na lista de regulação pelo SUS a menos de uma semana. O governo do Estado de São Paulo disse, dentre os protocolos e critérios, ele seria o segundo. O Ministério da Saúde – SUS – afirma que tudo foi baseado em critérios formais que eles têm. O que efetivamente acredito.  O tema, no entanto, é complexo e gera polêmica por se tratar de pessoa famosa e com recursos financeiros. Todavia, quero me apegar ao que pude verificar lendo as dezenas de comentários acerca da rapidez do processo, para fazer uma reflexão sobre uma certa hipocrisia do povo brasileiro. Nada tem a ver com a questão de Faustão, acredito nas explicações fornecidas, porque se assim não for fosse, logo viria tudo à tona. 

Façamos, então, aqui uma análise do que seria o nosso comportamento diante de situação semelhante:  uma tentativa empática, ou seja, colocando-nos no lugar dele ou de alguém ligado a nós em mesma situação. Como eu me comportaria e você? Sejamos honestos: se se fosse você, eu ou alguém do nosso afeto, faríamos o quê? Parece a questão shakespeariana do tal ser ou não ser, no caso, o favorecido. Aí está o desafio, quando falamos submetidos a um país, cuja filosofia é do jeitinho, do se aproveitar, sempre argumentado que se não fizermos, alguém fará em nosso lugar, então que sejamos nós a fazer.  Essa questão também me leva a uma outra: o que faríamos se chegássemos em uma emergência, ou alguém próximo a você cheio de dores e medo, na época da COVID, por exemplo, no início, que não havia vagas em UTI para todos, você faria o quê, se pudesse interceder? Se fosse a sua dor, um cálculo renal, por exemplo (nada que pudesse pôr em risco a sua vida), onde teriam mais de dez à sua frente para atendimento, e você visse um conhecido passando no corredor, trabalhador do hospital, você chamaria a atenção, e pediria ajuda para um atendimento mais rápido? Pois é, complicado…muito complicado. O desafio é o ideal cidadão de respeito às regras, aos protocolos…mas no Brasil que se recorre ao amigo do Departamento de Trânsito para retirar uma multa de carro, não se recorreria para ter um coração? Ou estaciona em lugar indicativo para idosos, pessoas especiais, quem dera algo mais grave.

Precisamos internalizar sempre o ideal cidadão, haja vista que tudo isso também é reforço de democracia, ou seja, guardar o respeito e cumprir ao que todos devem estar submetidos, por questões legais e de ética. Como dizem os mais velhos, falar é fácil, difícil é fazer, ou então o faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Precisamos como povo desenvolver por cobranças um compromisso com o coletivo e deixarmos o jeitinho brasileiro para trás e conduzir as novas gerações a uma linha de cidadania verdadeira. Não creio realmente que houve fura fila, inclusive uma ouvinte do meu programa Sintonia, da Metrópole, disse que trabalha em área de doação de órgão como médica e que o certo é lista, não fila, pois não se pega uma senha e aguarda, são situações, critérios que se atualizam a cada dia, a cada instante. Sim, mas você já respondeu se buscaria o privilégio do atendimento?

Fonte: bnews.com.br

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