Neste Dia do Professor, vamos mergulhar na história de superação e amor à educação de Ana Claudia Bastos, uma mulher cuja jornada foi marcada por desafios e vitórias. Natural de Ipirá, aos 47 anos, Ana Claudia é professora, especialista, mestre e pesquisadora internacional por Portugal.
Ela também é coordenadora do colégio Santo Antônio e tem uma assessoria pedagógica que atende diversas cidades e estados. No entanto, por trás de todas essas conquistas, está uma história de força, gratidão e determinação.arcada por desafios e vitórias. Natural de Ipirá, aos 47 anos, Ana Claudia é professora, especialista, mestre e pesquisadora internacional por Portugal.
Filha de uma moradora em situação de rua.
Ana Claudia foi adotada ainda recém-nascida por um casal que, apesar de não ser alfabetizado, lhe ensinou o valor inestimável da educação. Sua trajetória começa em uma situação de extrema vulnerabilidade.
“A minha história começa justamente com essa adoção. Não conheci minha mãe biológica. Fui adotada. Digo muito que o amor me escolheu”, conta.
Ana foi resgatada de condições precárias quando a avó de criação, ao perceber que sua mãe biológica, uma moradora de rua, não conseguia cuidar dela, decidiu intervir.
“Minha avó disse que me pegaria para morrer de maneira digna no hospital. E aí foi o meu primeiro resgate. Sou muito grata também à minha avó”, relembra Ana Claudia.
Pais adotivos priorizaram a educação
Aos cinco dias de nascida, Ana Claudia foi acolhida por sua mãe adotiva, que retornava de São Paulo. Apesar de não terem frequentado a escola, seus pais adotivos sempre acreditaram que a educação era a chave para uma vida digna.
“Eles sabiam que ler e escrever era o que tornava o homem digno. E dentro de uma situação de pobreza, o que a gente busca, além de sobreviver, é ser digno. Então, além da comida, o que poderia dar dignidade a uma pessoa pobre era a capacidade de ler e escrever”, explica
A vida de Ana Claudia foi marcada por muitas dificuldades. Aos 12 anos, ela perdeu seu pai adotivo, que era taxista.
“Foi uma grande dificuldade. Minha mãe não conseguiu se aposentar, e a gente foi trabalhar na feira. Eu descobri que o ser humano pode ser perverso. Era muito difícil ir para a escola, eu era chamada de ‘come lixo’ por colegas de escola”, conta ela, relembrando os desafios de sua adolescência.
Trabalhando com a mãe na feira e enfrentando o preconceito, Ana Claudia encontrou na educação a sua força para continuar.
“As pessoas enxergam mais o ter do que o ser, passamos por momentos de muitas privações, foi um período de extrema necessidade, a gente aceitava um calçado, quem podia nos ajudava com cesta básica. Mas tudo aquilo foi me dando mais força para eu buscar mais dignidade. Eu precisava ser forte e estar com minha mãe, porque muito mais forte era ela.”
Tentativa de conhecer sua mãe biológica
Ana destacou que aos 16 anos tentou encontrar sua mãe biológica, mas não obteve sucesso. “Apesar de não ter conhecido a minha mãe biológica, tenho uma referência muito grande de mãe, de pai e de avó. Foi o primeiro amor e os primeiros mestres da minha vida. Sobre a minha mãe biológica, a única referência era dela ser uma moradora de rua. Aos 16 anos ela reapareceu em Ipirá, disse que queria me ver, mas quando fui com minha mãe não a encontramos”, lembrou.
Mãe solteira
Mesmo com as dificuldades financeiras, Ana Claudia seguiu estudando, porque sabia que só a educação poderia mudar sua realidade.
“Se não fossem esses desafios talvez hoje eu não estaria aqui. Fui mãe solteira, me formei, comecei a trabalhar. Cansei de ir para Uefs, pegando ônibus sem ter vale-transporte, porque eu tinha uma criança que dependia de mim. Mas já me sentia lutadora, já sabia onde queria chegar.”
Com o tempo, Ana Claudia se consolidou como educadora. Ela escolheu o curso de Letras Vernáculas, apaixonada pela leitura e escrita. “Sempre gostei de ler, de escrever, e busquei um curso que fosse voltado para a educação e a escrita. Era uma excelente aluna. Sempre soube disso. Queria provar que, mesmo com todo o sofrimento e a trajetória difícil, era possível vencer”, afirma.
Hoje, Ana Claudia olha para sua trajetória profissional com gratidão e orgulho. “Eu enxergo minha trajetória como uma história de sucesso. Sucesso sem vaidade, mas sucesso por acreditar. A sala de aula não é fácil, estar na educação não é fácil. Jamais vou romantizar isso. Mas a educação é parte integral de quem eu sou.”
Além de ser uma professora reconhecida, Ana Claudia tem muito orgulho de seu filho, Caio, que hoje, aos 27 anos, é dentista e policial civil. “O meu maior orgulho é saber que o meu filho é uma pessoa de caráter, honesta, íntegra. Ele me ama, cuida de mim, e quem o conhece reconhece nele essas qualidades”, compartilha com emoção.
A história de Ana Claudia é um testemunho de que a educação tem o poder de transformar vidas. Ela é fruto de sua própria perseverança, da sabedoria de seus pais adotivos e do amor pela sala de aula.
Ao final, ela deixa uma mensagem para todos os professores que enfrentam desafios diariamente.
“Acreditar. Mesmo com todas as dificuldades, sempre acreditei. O simples fato de estar em sala de aula já mostra que temos um propósito. Ser professor, por si só, já é uma valorização.”
Fonte: Acorda Cidade