Quem não é visto não vende: varejos penalizam a indisponibilidade no digital

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Imagem gerada por IA.

Você já parou para pensar em quanto custa não ter um produto disponível para venda? No e-commerce, a indisponibilidade vai muito além da simples perda da venda pontual. Ela desencadeia um efeito dominó que compromete visibilidade, relevância e até a percepção da marca. A lógica é simples: se o consumidor não encontra seu produto, ele vai embora. E o algoritmo dos varejos, além de perceber, também pune.

Com o avanço da inteligência dos mecanismos de busca nos e-commerces, estar fora de estoque deixou de ser apenas um problema comercial e passou a ser também um problema de performance digital. A indisponibilidade afeta diretamente o posicionamento dos produtos nas buscas, reduz sua visibilidade e, consequentemente, sua capacidade futura de gerar receita. Isso ocorre em um cenário de concorrência cada vez mais acirrada, no qual o crescimento do share of search se torna uma das principais portas de entrada na jornada de compra.

Num ambiente em que, segundo a Amazon, 70% das compras começam na barra de busca e 86% das vendas se concentram entre os dez primeiros resultados, aparecer bem posicionado virou questão de sobrevivência. Isso porque o consumidor tende a entender que a seleção dos primeiros produtos apresentados, por diversos fatores, já resolve sua busca pelas melhores ofertas. Quando um produto entra em ruptura, esse lugar privilegiado começa a escorregar pelas mãos. E não se engane: reconquistar o topo é um desafio.

O impacto da indisponibilidade cresce com o tempo e a recuperação exige esforço

Basta um único dia de indisponibilidade para que quase metade dos produtos que estavam no top 5 das buscas despenquem para além da 30ª posição. Esse é um dos dados mais contundentes revelados no estudo mais recente da Lett, que analisou os impactos da ruptura nas prateleiras digitais. Isso não só impede a venda imediata, como faz o produto praticamente desaparecer da vitrine digital. Mesmo após o item voltar a ficar disponível, o retorno ao topo leva, em média, dois dias.

O tempo em ruptura afeta diretamente a quantidade de posições perdidas, mas não altera o tempo necessário para a normalização. Ou seja, a indisponibilidade tem um efeito duplo: trava a venda no curto prazo e compromete a visibilidade no longo prazo. Um prejuízo que se acumula.

A pesquisa também evidencia que produtos de alto giro costumam ser os mais afetados, pois, quanto maior o volume e a frequência de buscas, maior o impacto negativo quando o item some. O segmento alimentar é um exemplo em que esse efeito se torna bem visível, visto que – dentro do período analisado – em 16% dos dias existiam lojas online oferecendo produtos patrocinados indisponíveis para compra.

A ruptura também sabota suas campanhas de mídia

Os efeitos da indisponibilidade vão além da busca orgânica, atingindo também as campanhas pagas. Imagine pagar por cliques em um banner que direciona o consumidor a uma página com o produto esgotado. É desperdício de verba e frustração garantida.

Dados do estudo mostraram que, ao longo de um ano, foram registrados quase 26 dias com produtos patrocinados indisponíveis, mesmo com investimento em mídia. Pior: em muitos casos, os produtos continuaram aparecendo bem ranqueados, contribuindo para uma experiência negativa. O consumidor encontra, clica, mas não consegue comprar. Isso enfraquece a confiança, tanto na loja quanto na marca.

E o impacto é ainda mais grave quando o produto indisponível aparece nas primeiras posições patrocinadas. Para quem investe pesado em retail media, não monitorar a disponibilidade em tempo real é um erro caro, pois se perde dinheiro duas vezes: quando se investe capital no patrocínio e depois quando a venda não é efetuada.

Planejamento, estratégia e parceria

Diante desse cenário, a gestão de disponibilidade precisa deixar de ser apenas uma responsabilidade operacional para se tornar prioridade estratégica. A indústria deve ir além da entrega no centro de distribuição: é fundamental garantir que o estoque seja monitorado, atualizado e disponível na ponta, seja em marketplaces, pure players ou em qualquer canal digital.

O alinhamento entre marketing, trade, supply chain e canais digitais deixou de ser diferencial. É mandatório. Planejar campanhas sem garantir disponibilidade é arriscar investir alto para não vender nada.

A indisponibilidade não é um mero detalhe técnico, mas um risco estratégico. Compromete o faturamento, prejudica o desempenho orgânico e pago, e corrói a confiança do consumidor. Quando o cliente se frustra repetidamente por não encontrar um produto, ele simplesmente troca de marca.

A principal mensagem do estudo é clara: sem disponibilidade, não há visibilidade. Em um ambiente digital regido por alta competitividade e decisões em milissegundos, a indisponibilidade não gera apenas perdas financeiras, mas também reduz o alcance orgânico e compromete a eficiência da mídia.

Qual a solução?

Pela minha experiência trabalhando junto com grandes indústrias, o que realmente muda o jogo é um monitoramento constante e alinhamento estratégico próximo ao varejo. Assim, em datas sazonais – em que há maior busca pelo produto – ou diante de qualquer cenário previsível, é possível antecipar gargalos e proteger o que mais importa: a confiança e a tranquilidade do consumidor para realizar sua compra online.

No fim, não se trata apenas de vender mais. Trata-se de não desaparecer. Afinal, o consumidor só compra o que consegue encontrar.

Fonte: E-Commerce Brasil

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