Escorpiões e cobras são as principais causas dos acidentes; na foto, exemplar de serpente jararaca preservado – Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE
Com quase um terço dos casos do Nordeste, a Bahia é o estado da região que mais possui atendimentos de emergência por envenenamento no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 10 anos. São 2.274 ocorrências no estado das 7.080 de toda a região, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Nem todo caso de envenenamento chega a situação de emergência ou é atendido na rede pública.
Uma das vítimas de envenenamento foi o graduando em ciências biológicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Sérgio Dário, 25, quando visitava seus pais, no município de Vera Cruz; ele foi picado por cobra venenosa.

| Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE
“O escorpião com um risco maior na Bahia é o conhecido como escorpião amarelo, que pode levar a casos graves. Inicialmente com dor no local, formigamento e aumento da sudorese. Pode chegar a ter náuseas, vômitos, levando inclusive a insuficiência respiratória e até ao óbito em grupos de risco”, comenta. As recomendações para evitar os escorpiões é evitar as condições favoráveis para o animal.
Juscelino indica que é preciso manter o ambiente livre de entulhos, o lixo sempre em sacos fechados, evitar empilhamento de madeira, fechar frestas de janelas e portas, manter camas afastadas da parede, sacudir lençóis e travesseiros… “Geralmente os escorpiões se alimentam de insetos, principalmente baratas, então se há o aparecimento desses animais, os escorpiões são atraídos e acabam se aproximando do ser humano, aumentando consequentemente o risco de acidente”.
Para quem for picado a indicação é não passar nada no local, além de água e sabão. O ideal é que a vítima seja levada com rapidez para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Se o animal foi fotografado, é importante levar foto para identificação. Obviamente que a gente não recomenda que ninguém vá capturar o animal para evitar um novo acidente”, afirma o diretor do Ciatox-Ba.
Agentes químicos
Além do envenenamento por animais peçonhentos, há aqueles por conta dos agentes químicos, com menor incidência na Bahia, mas com maior risco e causas de óbitos. Em 2025, já foram 9.462 ocorrências por essa forma de intoxicação e 70 óbitos. O diretor do Ciatox-Ba explica que mesmo com menor incidência em comparação com a intoxicação por animais peçonhentos, há um perigo maior nos casos por agentes químicos – por isso mais óbitos.
“Esses óbitos estão geralmente relacionados ao uso de produtos com o objetivo de atentar contra a própria vida. Então, boa parte dos óbitos é em função dessa circunstância, daí o número de óbitos maior do que com animais peçonhentos”, pontua. Para a coordenadora do comitê de toxicologia da Abramede, Juliana Sartorelo, são necessárias ações para um maior controle dessas substâncias no país.
“É preciso um aumento de fiscalização nas fronteiras do país a fim de coibir a entrada desses produtos tóxicos ilegalmente e também aumentar a fiscalização e apreensão desses produtos clandestinos. Também é preciso a criação de uma estratégia de maior restrição à compra de substâncias sabidamente tóxicas que são legais no país, inclusive proibindo o acesso a elas no comércio não especializado”, diz. Ela reforça a importância de campanhas de prevenção para tentar reduzir as intoxicações em crianças e adolescentes.
Fonte: A Tarde