Cartilha conscientiza pais e professores sobre cuidados oculares em crianças e adolescentes

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Juliana Guimarães*

Centenas de brasileiros consultam um oftalmologista somente após a ocorrência de problemas oculares, inclusive crianças. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), em parceria com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), lançou a Cartilha “Saúde Ocular na Infância” para conscientizar familiares e profissionais da educação e também orientar sobre os cuidados com a saúde ocular nessa faixa etária.

O guia está dividido em seis seções, começando com o desenvolvimento visual do bebê até as recomendações sobre exames oftalmológicos, abordando algumas das principais condições oculares que atingem esse grupo.Publicidade

A conjuntivite e o terçol são citadas como algumas das principais e mais comuns patologias. A primeira é de caráter viral, ainda comum no inverno, uma vez que as pessoas tendem a ficar em ambientes fechados, com pouca circulação de ar, usando roupas há muito tempo guardadas e, até mesmo, lavando menos as mãos, hábito que contribui para o contágio. Neste caso, é possível notar vermelhidão ocular, coceira e a presença de secreção. 

Já a principal característica do terçol está no surgimento de uma elevação ou bolinha na pálpebra, provocando inchaço e vermelhidão, sendo considerado bastante doloroso. Na maioria das vezes, a condição decorre de inflamação nas glândulas sebáceas, devido à uma infecção bacteriana.

O tratamento para os dois casos é bastante simples com a aplicação de compressas para aliviar os sintomas, porém uma consulta ao oftalmologista é recomendada. Afinal, as crianças apresentam a tendência de colocarem as mãos em objetos e tocarem o rosto sem a devida higienização e, por isso, é preciso ter bastante atenção.

Outro alerta da cartilha está no crescente uso de telas, ação que já se tornou hábito entre brasileiros. Os equipamentos ajudam a distrair as crianças em atividades diárias, contudo o uso excessivo é prejudicial à saúde ocular. 

Um dos principais indícios de algo errado está no cansaço visual, que, posteriormente, provoca problemas a longo prazo, como a miopia, cada vez mais comum entre crianças e adolescentes. A indicação é evitar exposição até os dois anos de idade e limitar o uso para adolescentes, em aproximadamente até três horas diárias.

Uma técnica recomendada é a 20-20-20, ou seja, olhar para algo distante a 20 pés (cerca de seis metros) por 20 segundos a cada 20 minutos de exposição às telas, uma vez que a luz artificial é extremamente prejudicial e causa uma tendência ruim ao olho: diminuir a quantidade de piscadas, deixando-o seco, causando desconforto e, até mesmo, dor de cabeça.

As atividades ao ar livre também são recomendadas para os menores se movimentarem e garantir uma importante exposição à luz solar, sendo benéfica para o desenvolvimento saudável da visão.

A cada início de período letivo, os pais ou responsáveis devem agendar um check-up ocular infantil. A avaliação permite acompanhar a evolução da saúde ocular e de maneira precoce, diagnosticar problemas que comprometam a performance estudantil em sala de aula, como a dificuldade para enxergar objetos distantes e, até mesmo, para ler, podendo se tratar de uma síndrome ainda pouco conhecida, chamada Irlen.

O guia ainda alerta para outros problemas oculares, como a obstrução lacrimal, comum em bebês e os cuidados para evitar acidentes domésticos, quer seja pelo manuseio de objetos cortantes ou pelo armazenamento de produtos químicos. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que até 80% dos casos de cegueira infantil mundiais poderiam ser prevenidos ou tratados com diagnóstico precoce. A atenção é essencial para qualquer mínimo sinal, pois muitas condições iniciam de maneira silenciosa e deve-se manter consultas periódicas para avaliar a saúde ocular.

*Oftalmologista

“Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Hoje em Dia”.

Fonte: Hoje em Dia

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