Marketplaces em transição: os custos ocultos da reforma tributária para pequenos e médios vendedores

0
27

Imagem gerada por IA.

O comércio eletrônico brasileiro vive uma transformação sem precedentes. Em apenas três anos, o setor cresceu 76%, impulsionado pelos marketplaces – plataformas que conectam milhões de consumidores a pequenos e médios empreendedores. Esse modelo democratizou o acesso ao mercado digital, mas está prestes a enfrentar uma reviravolta: a reforma tributária, aprovada em 2023 e com vigência prevista para 2026, mudará radicalmente a forma de recolhimento de tributos.

O que hoje é sinônimo de oportunidade pode se tornar um novo desafio, principalmente para quem vende em menor escala e depende do fluxo constante de vendas para manter o negócio ativo.

Entre as principais mudanças está a adoção do modelo de split payment, no qual os próprios marketplaces passarão a recolher os tributos no ato da venda. Isso altera completamente a dinâmica atual – em que o vendedor é responsável por calcular e pagar seus impostos – e exige que as plataformas criem sistemas robustos de retenção e repasse automático ao fisco.

Além disso, a unificação de tributos federais e estaduais por meio do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) trará a tributação para o destino da compra, ou seja, o estado do consumidor. A medida deve trazer padronização e segurança jurídica, mas também amplia a responsabilidade das plataformas, que precisarão investir pesado em compliance fiscal e tecnologia.

Os custos que o pequeno vendedor não vê

A promessa de simplificação pode esconder custos operacionais expressivos para pequenos e médios vendedores. Com a retenção automática dos tributos, o primeiro impacto recai sobre o fluxo de caixa: a liquidez imediata diminui, comprometendo o capital de giro.

Também haverá aumento de despesas com integração contábil, emissão de notas fiscais mais detalhadas e adaptação a exigências fiscais complexas – custos que, inevitavelmente, podem ser repassados ao preço final dos produtos. O risco é perder competitividade frente aos grandes players, que possuem maior estrutura para absorver as mudanças.

Segmentos com margens reduzidas e alto volume de transações – como moda, eletrônicos e cosméticos – tendem a ser os mais afetados. Cada percentual retido ou custo adicional impacta diretamente o resultado final. Na prática, o que antes era “X” líquido por venda pode se transformar em “X–Y”, exigindo eficiência e planejamento para manter a rentabilidade.

Apesar dos desafios, há espaço para oportunidades. Marketplaces que investirem desde já em sistemas integrados de recolhimento e suporte aos vendedores poderão se tornar parceiros estratégicos. Já os empreendedores que se prepararem antes da entrada em vigor da reforma sairão na frente: terão previsibilidade, menor risco fiscal e poderão planejar seus preços e margens com base em dados reais.

Além disso, a maior transparência e uniformidade tributária podem trazer estabilidade e segurança jurídica, fatores essenciais para o crescimento sustentável do e-commerce.

O tempo é agora

A reforma ainda passa por etapas de regulamentação, mas o prazo para adaptação é curto. Revisar contratos, diagnosticar riscos e ajustar sistemas de cobrança e faturamento não é tarefa de última hora. No ambiente digital, a agilidade define a sobrevivência e, a partir de 2026, também a conformidade tributária.

Fonte: E-Commerce Brasil

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here