Intestino preso? Nova pesquisa aponta kiwi e ‘rei das fibras’ para tratar prisão de ventre; veja como usar

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Suco detox de kiwi com limão, hortelã e gengibre Crédito: Imagem: Zb89V | Shutterstock

Por muito tempo, o tratamento da prisão de ventre foi tratado como algo simples, restrito a orientações como beber mais água e aumentar o consumo de fibras. No entanto, para quem sofre com o intestino preso de forma persistente, a realidade costuma ser mais complexa. A constipação crônica, que pode durar semanas ou até meses, afeta não apenas o funcionamento intestinal, mas também o sono, o humor, a produtividade e a qualidade de vida. Em outubro, a Associação Britânica de Nutricionistas e Dietistas (BDA, na sigla em inglês) publicou uma diretriz inédita sobre o papel da alimentação no enfrentamento desse problema comum.

Elaborado a partir da análise de 75 ensaios clínicos, revisões sistemáticas e meta-análises, o documento reúne 59 recomendações dietéticas práticas. A proposta é ir além do conselho genérico de “aumente as fibras” e indicar quais alimentos e suplementos realmente apresentam benefícios comprovados, além das doses mais eficazes.

Kiwi é uma fruta poderosa para ajudar no sono e na recuperação muscular por Shutterstock

“Essas diretrizes agrupam intervenções com evidências sólidas e, na prática clínica, auxiliam na condução dos casos trazendo mais especificidade dos principais aliados no combate à constipação crônica”, afirma a nutricionista Gláucia Amaral Santana, coordenadora de Nutrição do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), Iris Rezende Machado, unidade pública gerida pelo Einstein Hospital Israelita em Goiás.

As novas diretrizes confirmam uma percepção já comum entre nutricionistas: nem todas as fibras atuam da mesma forma no intestino. O principal destaque do documento é o psyllium, fibra extraída da casca da semente da planta Plantago ovata. Ele é considerado o “padrão-ouro” entre os suplementos de fibra quando consumido regularmente em doses de pelo menos 10 gramas por dia.

“O psyllium é uma fibra solúvel com alto poder de retenção de água. Ele forma um gel no intestino, aumenta o volume das fezes e melhora a consistência, facilitando a evacuação e reduzindo o esforço”, explica Santana. Já outras fibras, como a inulina, apresentaram efeitos mais modestos e maior risco de gases e desconforto abdominal.

Entre as frutas analisadas, o kiwi se destacou. Segundo a BDA, o consumo de duas unidades por dia, por um período mínimo de quatro semanas, melhora a frequência das evacuações e a textura das fezes. A fruta combina fibras solúveis e enzimas que estimulam o trânsito intestinal, além de fornecer vitamina C e antioxidantes, o que a torna uma alternativa segura e bem tolerada. As diretrizes apontam o kiwi como uma das opções mais eficazes e fáceis de incluir na rotina alimentar.

“Quando consumido com regularidade, o kiwi apresenta resultados semelhantes ao psyllium, auxiliando na melhora da frequência intestinal. Mas, como toda intervenção nutricional, é importante individualizar, respeitando a rotina, os hábitos e a cultura alimentar de cada pessoa”, pondera a nutricionista.

O documento também destaca o magnésio como um aliado importante no tratamento da constipação crônica. O mineral está presente em alimentos como verduras de folhas escuras, leguminosas, nozes, grãos integrais, abacate e peixes. Ainda assim, de acordo com a especialista do HMAP, alcançar as doses estudadas apenas por meio da alimentação pode ser difícil, o que leva, em alguns casos, à necessidade de suplementação, sempre com orientação profissional. O óxido de magnésio demonstrou maior eficácia do que o leite de magnésia, e águas minerais com alto teor de magnésio e sulfato também apresentaram bons resultados.

“Em doses adequadas, o sulfato de magnésio tem efeito osmótico, ou seja, puxa água para dentro do intestino, amolecendo as fezes e facilitando a evacuação”, explica Glaucia Santana. Segundo ela, o efeito está relacionado à composição mineral da água, e não à marca. “É importante observar o rótulo e dar preferência às que têm alto teor de magnésio e sulfato”, orienta.

A substituição do pão branco pelo pão de centeio também mostrou benefícios. Rico em fibras solúveis e fermentáveis, o cereal contribui para aumentar o volume das fezes e estimular a flora intestinal. No entanto, a especialista ressalta que os estudos analisaram quantidades elevadas, de cerca de seis a oito pães por dia, o que não é viável para a maioria das pessoas.

“O centeio pode ser um bom aliado, mas o estudo considerou doses muito altas, de cerca de seis a oito pães por dia, o que não é viável para a maioria das pessoas”, observa. “Ele pode fazer parte da alimentação, mas sempre em um plano equilibrado e acompanhado por nutricionista.”

Por outro lado, frutas tradicionalmente associadas ao alívio do intestino preso, como ameixa e maçã, perderam parte do protagonismo. As diretrizes apontam que, apesar de saudáveis e ricas em fibras, não há evidência científica robusta de que o consumo regular desses alimentos seja eficaz no tratamento da constipação crônica.

“Esses alimentos continuam sendo boas opções em uma alimentação balanceada, mas não devem ser vistos como solução isolada”, afirma a Santana.

Por fim, o documento reforça que a saúde intestinal depende também de outros hábitos, como a prática regular de atividade física, sono adequado e a redução do consumo de alimentos ultraprocessados. Em casos de dúvida ou sintomas persistentes, a orientação de um profissional especializado é fundamental.

Fonte: Jornal Correio

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