Crise favorece os negócios de alimentos mais baratos

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Qualquer um que circule de ônibus por Salvador já ouviu falar do sonho da Rua da Glória, em Periperi, ou de R$ 1.

O alimento é parte dessa onda de comidas comercializadas por baixo custo, que vai de amendoim a sushi, e dos ônibus aos restaurantes.

Cida Araújo, a responsável pela apelidada carinhosamente “fábrica” de sonhos, conta que tudo começou vendendo o alimento na portinha de casa e agora produz num pequeno espaço, com quase 20 pessoas, os sonhos que vão se locomover por toda a cidade.

Se existe alguma grande ideia empreendedora por trás do negócio? Não, diz a própria Cida: “Eu acertei só fazer sonhos! Já vendi salgados também, mas o sonho foi o que deu mais certo. Foi o que caiu no gosto pessoal”.

Os sonhos são vendidos por R$ 0,50 a unidade na sua casa. Os vendedores vão com suas guias ou recipientes e compram para, em seguida, revender pela cidade por R$ 1.

Cleber Jesus, vendedor de sonhos, começou a vender há três meses e costuma trabalhar na região do bairro Sete Portas, vendendo em média 60 sonhos de manhã e 60 no período da tarde. “Como o sonho dela é bom, o pessoal compra e costuma perguntar se é da Rua da Glória. É uma referência de qualidade”, aponta Cleber o motivo do sucesso.

Cida é a dona da “fábrica” de sonhos, vendidos a R$ 1
Cida é a dona da “fábrica” de sonhos, vendidos a R$ 1

Fonte de renda

Cida afirma que não possui nenhuma relação trabalhista com os vendedores, mas entende o negócio como um projeto social. “A venda de sonhos não visa só ao dinheiro, visa ajudar o próximo. Quem não tem trabalho pode usar isso aqui como uma fonte de renda. Eles voltam a viver como seres humanos normais. Vejo os sonhos não como uma empresa lucrativa, mas como um serviço social mesmo”, explica.

O analista técnico do Sebrae Wagner Simões indica os motivos do crescimento desse mercado de lanches de baixo custo. “O mercado de produtos baratos está em alta. O que é um reflexo da crise que o país vive hoje e do desemprego”.

Também aponta os perigos dos baixos preços para os empreendedores que buscam entrar no mercado. “Existe um perigo na definição do preço, porque você tem que considerar todos os itens que estão envolvidos no processo. O que se descobre depois é que ele pode estar tendo prejuízo, justamente por não estar considerando todos os itens que estão por trás do negócio”, ressalta Wagner.

Por outro lado, uma estratégia possível é a de utilizar os preços baixos como opção em um negócio com ofertas variadas. É por essa dinâmica que a Hashimaki Comida Oriental se guia. O restaurante especializado em comidas do oriente tem uma promoção de quinta a sábado, em que a unidade da peça de sushi é vendida por R$ 1. Porém o cardápio também possui outras opções de variados preços.

O empreendimento teve início quando Núbia Mariano e o esposo, Igor, ficaram desempregados. Aproveitando que gostavam de comida japonesa e que não havia nenhum estabelecimento do segmento por perto, decidiram partir na empreitada.

“Procuramos no espaço e vimos que o Cabula estava em falta com esse tipo de comida. Então, fomos conhecer os outros restaurantes japoneses de Salvador para trazer um pouco de cada e, assim, abrimos o Hashimaki Comida Oriental”, descreve a história Núbia.

Wagner expõe as indicações fundamentais para começar um negócio nesse estilo: “O que precisa ser feito é uma análise do mercado, através do tipo de cliente que você busca, o produto ou serviço que você oferece. Analisar se esse mercado já está saturado. Isso tem que ser feito de forma planejada”, opina.

Vale ficar atento às possibilidades do mercado e pensar em produtos por preços acessíveis. Afinal, sonhar é de graça, e pelo menos o sonho é barato.

* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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