A família de Ednilson Santos Cruz, 23 anos, nascido em Santo Amaro, no recôncavo baiano, cansados de esperar por notícias contrariaram a ordem das equipes dos bombeiros e foram em busca dele, que estava desaparecido desde o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, na sexta-feira (25).
Os familiares encontraram o corpo do mecânico na última segunda-feira (28), junto com outros três, presos na lama. Todos foram levados para o Instituto Médico Legal da cidade.
“Quando soube, da maneira como aconteceu, onde pessoas estavam, não tinha condições de ninguém sobreviver, seria um milagre. Já trabalhei lá e já tenha noção do estrago que poderia causar caso a barragem se rompesse”, lamentou o pai de Ednilson.
O pai do mecânico, que está na cidade mineira de Monte Carlos, a cerca de 8 km de Brumadinho, conta que as equipes de resgate tentaram impedir que um irmão e um tio de Ednilson entrassem na mata, por uma questão de segurança, mas eles não obedeceram à ordem. “A intuição mandava a gente iniciar a busca por conta própria e foi o que eles fizeram”, contou.
“Não tive coragem de ir até o local, mas pela foto que vi, deu para perceber que ele rastejou na lama, em busca de ajuda. Se as equipes de resgate tivessem chegado lá no mesmo dia, muita teria saído com vida. Muita gente ficou presa na lama. Por isso, os corpos ficaram à beirada da mata. Além do meu filho, eles encontraram outros três corpos. Um deles estava sem o tronco e o outro estava debaixo de uma árvore”, completou ele.
Ednilson foi enterrado na cidade de Mário Campos, nesta terça-feira (29). O pai dele contou que o sepultamento foi custeado pela Vale. Contudo, de acordo com Edmilson, a empresa ainda não procurou a família para falar sobre a tragédia.