Odoyá! Confira nossa cobertura especial da Festa de Iemanjá 2019

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O Rio Vermelho vira um mar de gente no Dois de fevereiro. Aliás, a onda de fé em Iemanjá, a Rainha do Mar, deságua já na véspera e, por isso, o CORREIO inicia a cobertura da festa popular para a orixá, esse ano, na noite anterior aos festejos oficiais, quando “Dandalunda, Janaína, Marabô, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Princesa de Aiocá”, enfim, dona Iemanjá já começa a ser homenageada por milhares de pessoas. A cobertura iniciada na noite de sexta (1º) segue durante todo o sábado (2), com informações sobre a festa, serviços essenciais (segurança, transporte, trânsito, saúde) e curiosidades, além das personagens que fazem da Festa de Iemanjá uma das mais tradicionais e importantes manifestações religiosas e culturais da Bahia.

Acompanhe em tempo real!

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Pequena sereia

Quem fez sucesso na passagem pelo Rio Vermelho foi a pequena Maya Leite Gomes, 3 anos. Ela foi saudar a Rainha do Mar fantasiada de sereia junto com mãe, a educadora física Débora Leite, 35. “Ela levou flores pra Iemanjá e parou o Rio Vermelho, todo mundo disse que ela estava linda”, conta a mãe. Elas vão juntas para a festa desde que Maya tem 1 ano. “Ela adora, fica encantada”, completa.

(Foto: Acervo pessoal)

Abordagens intensificadas

9h30 – Segundo informações da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), os festejos para a Rainha do Mar neste sábado (2) iniciaram com tranquilidade. A PM montou um esquema de revista nos principais acessos ao Rio Vermelho para localizar possíveis atividades delituosas e apreensão de drogas e armas.

(Foto: Vitor Barreto/Divulgação)

Já a Polícia Civil montou um posto especial no Largo de Santana, além de reforços na 7° Delegacia Territorial (DT) unidade que atende a área onde acontece o evento.

O Corpo de Bombeiros Militar está atuando com o efetivo de 180 guarda-vidas nas areias do Rio Vermelho
(Foto: Vitor Barreto/Divulgação)

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‘Iemanjá afoga seus amantes no mar’

Do livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi
Iemanjá é dona de rara beleza e, como tal, mulher caprichosa e de apetites extravagantes.

Certa vez saiu de sua morada nas profundezas do mar e veio à terra em busca do prazer da carne. Encontrou um pescador jovem e bonito e o levou para seu líquido leito de amor.

Seus corpos conheceram todas as delícias do encontro, mas o pescador era apenas um humano e morreu afogado nos braços da amante.

Quando amanheceu, Iemanjá devolveu o corpo à praia. E assim acontece sempre, toda noite, quando Iemanjá Conlá se encanta com pescadores que saem em seus barcos e jangadas para trabalhar.

Ela leva o escolhido para o fundo do mar e se deixa possuir e depois o traz de novo, sem vida, para a areia.

As noivas e as esposas correm cedo para a praia esperando pela volta de seus homens que foram para o mar, implorando a Iemanjá que os deixe voltar vivos.

Elas levam para o mar muitos presentes, flores, espelhos, perfumes, para que Iemanjá mande sempre muitos peixes e deixe viver os pescadores.
Elas levam para o mar muitos presentes, flores, espelhos e perfumes, para que Iemanjá mande sempre muitos peixes e deixe viver os pescadores.

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Brumadinho, presente!

8h56 – Grupo protesta contra a mineradora Vale, que teve barragem rompida em Brumadinho (MG), causando a morte de pelo menos 115 pessoas na última semana.

(Foto: Luan Santos/CORREIO)

(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Vai à festa de Iemanjá no Rio Vermelho? O CORREIO preparou um guia indicando onde estão os principais serviços, eventos e dicas da festa. Tudo o que você precisa saber está aqui

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ACM Neto: ‘Que elas nos traga proteção e axé’

7h40 – Com foto aérea da festa popular, o prefeito ACM Neto sauda Iemanjá nas redes sociais. Ele se programou para participar da entrega do presente principal, que acontece por volta das 15h30.

Dia de agradecer a Iemanjá e pedir que ela nos traga proteção e muito axé. Odoyá! #Iemanja #Yemanja#2defevereiro, escreveu ACM Neto

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Turistas encantados

7h30 – O casal de turistas gaúchos Marcelo Vial, 47, e Márcia Vignoli, 47, vieram pela primeira vez para a festa. chegaram ao Rio Vermelho, às 5h30, e se encantaram.

“É uma festa muito bonita, com rito bem fortes e interessantes”, disse Marcelo
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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“Vivemos, trabalhamos, lutamos nas cidades, sentimos amor, rancor e cansaço, mas, em nossa ancestralidade, nunca deixaremos de ser peixes. Filhas e filhos da grande mãe primordial, a rainha do mar, Iemanjá”, diz a ialorixá do Axé Abassá de Ogum, Jaciara Ribeiro, em artigo publicado no CORREIO. Leia completo aqui.

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Olha o balaio!

7h20 – Devotos capricham nos presentes, com flores, espelhos, perfumes, para que Iemanjá mande sempre muitos peixes e deixe viver os pescadores.

(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Pedidos e mais pedidos para a Rainha do Mar

7h – Sete da matina e a fila para entrega dos presentes não tem fim!

Devotos formam longa fila para deixar flores ao longo do presente
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

Mar de gente sauda a Rainha do Mar
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Presente principal traz mensagem de paz: ‘É preciso lembrar de Brumadinho’

6h30 – A festa da Rainha do Mar começou na sexta-feira (1º), às 7h, quando o caramanchão da Colônia de Pescadores Z-1 foi aberto para os presentes dos devotos. Enquanto os devotos chegam sem parar no local, o presente principal já está sendo montado na manhã deste sábado (2). A saída do presente principal deve acontecer entre 15h30 e 16h.

As rosas brancas simbolizam um pedido de paz, segundo o babalorixá Tiago dos Anjos: “Neste momento, o mundo precisa de paz, de felicidade. É preciso lembrar o que aconteceu agora em Brumadinho e pedir paz”
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Sereia!

6h10 – A funcionária pública Talma Silva, 45, repete há 25 anos a tradição de ir à festa com uma roupa pedida por Iemanjá.

 “Venho mais para agradecer do que para pedir. ao longo do ano, meus pedidos são sempre realizados”, conta
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Odoyá CORREIO: playlist reúne músicas que celebram Iemanjá

Quer entrar no clima do 2 de fevereiro? O CORREIO selecionou, em 2017, mais de 20 canções que celebram a rainha do mar. A playlist completa está no Spotify.

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Já é de manhã?

06h – E nem parece que já é dia no Rio Vermelho. Com ruas lotadas, religiosidade se mistura à festa profana, embalada por muita música e cerveja no bairro boêmio da capital baiana.

Performance-oferenda Lavagem, do grupo Gameleira Integra: intervenção aconteceu às 6h da manhã, saindo do Lalá Multiespaço até a praia do Rio Vermelho
(Foto: Mídia Ninja/Reprodução/Instagram)

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Odoyá!

05h31 – Religiosidade se mistura à festa profana. Manifestações religiosas de todos os tipos e lugares!

Areias do Rio Vermelho tomadas de pessoas, que enchem a praia desde a madrugada para saudar Iemanjá
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

Há quem prefira pegar um barco e levar os presentes até o mar. O serviço custa, em média, R$ 10  por pessoa, mas pode variar a depender da quantidade de pessoas à bordo
(Foto: Luan Santos/CORREIO)

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Amanheceu…!

O Rio Vermelho amanheceu por volta das 5h cheio e musical. O canto da sereia atraiu a todos para a praia. Seja de religiões de matriz africana ou não, muita gente se aproximou o máximo que pôde das águas para depositar flores e outros presentes para a Rainha do Mar.

(Foto: Anderson Simplício/@belezas.suburbio/Reprodução)

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Lacração das divas!

3h40 – Tem drag na festa de Iemanjá! Nágila GoldStar é uma das estrelas da festa IemanDivas, que aconteceu no Refúgio Coworking, no Rio Vermelho. Os shows começaram às 23h e vairaram a madrugada do dia 2 de fevereiro. Também perfomaram Diva Box, Rainha Loulou, entre outros convidados.

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Madrugada de fé e festa

2h45 – Rio Vermelho já está lotado para saudar a Rainha do Mar, Iemanjá!

(Foto: Reprodução/Instagram)

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Oxum no Dique

2h30 – Antes de saudar Iemanjá no Rio Vermelho, muitas pessoas vão até o Dique do Tororó com flores e perfumes pra saudar Oxum.

Foto: Jorge Gauthier/CORREIO

“Eu senti a vontade de me conectar com Oxum antes de Iemanjá. Acho que é uma forma de me encontrar de forma ampla com as duas orixás que dividem a minha cabeca”, destaca Otacília Novaes, 65, que veio do Rio de Janeiro para as celebrações.

1h20 – Regina Let’s Go!

O publicitário baiano Nizan Guanaes era um dos mais animados da turma: não parava de cantar “minha jangada vai sair pro mar”.

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Estrela do mar

0h30 –Contumaz frequentadora da Festa de Iemanjá, a atriz Camila Pitanga, filha do ator baiano Antônio Pitanga, é tietada na Rua da Paciência, enquanto aguarda a saída de um cortejo. Simpática, cede aos pedidos de selfie da galera.

(Foto: Leitor CORREIO)

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“Lá pelo início do século XX, quem vivia do mar, no Rio Vermelho, assumia um compromisso: pela proteção e garantia do retorno para casa, pescadores se juntavam e presenteavam a Mãe D’Água. Antes do Carnaval, bem no meio da festa de Sant’Ana, que já tinha igreja e tudo, eles deram início a uma das tradições mais fortes da Bahia e do Brasil: homenagear Iemanjá no dia 2 de fevereiro.

Em 1930, quando um padre bateu o pé e disse que não queria mais saber de presentes para “uma mulher com rabo de peixe” durante a festa de Sant’Ana, o destino foi selado: os pescadores se recusaram a abandonar as oferendas. Quem saiu, no fim, foi a Igreja Católica. Desde então, a Igreja de Sant’Ana fica fechada na data.

De lá para cá, a festa de Iemanjá mudou, cresceu e se consolidou. Hoje, é a única, entre as grandes celebrações populares da cidade que não tem ligações com o sincretismo religioso. Só ela festeja exclusivamente um orixá.”

Da reportagem de Thais Borges, publicada nessa sexta (1º) no CORREIO.

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DJs na Paciência

23h45 – DJs começam a tocar em frente ao Lalá Multiespaço, na Rua da Paciência, que está entupida. Por ser num final de semana, a festa promete ser uma das mais cheias dos últimos anos. Turma já chegou chegando antes da hora.

Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO

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Carrinho de café cultural

23h30 – Há nove anos, a produtora cultural Ana Dumas, 55, reúne intelectuais, jornalistas e artistas para uma homenagem a Iemanjá. Puxado por um carrinho de café que toca clássicos da MPB, eles saem da Rua Fonte do Boi e vão cantando e bebendo até a Colônia Z1. “A galera sente a vibe positiva e a cada ano o grupo tem aumentado. Aliás, a noite do dia 1º tá se tornando uma festa bem interessante e nós contribuímos para isso”, comenta ela.

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Do livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi

“Iemanjá vivia sozinha no Orum. Ali ela vivia, ali dormia, ali se alimentava. Um dia, Olodumare decidiu que Iemanjá precisava ter uma família, ter com quem conversar, comer, brincar, viver.

Então o estômago de Iemanjá cresceu e cresceu e dele nasceram todas as estrelas. Mas as estrelas foram se fixar na distante abóbada celeste. Iemanjá continuava solitária.

Então, de sua barriga crescida nasceram as nuvens. Mas as nuvens perambulavam pelo céu até se precipitarem em chuva sobre a terra.

Iemanjá continuava solitária. De seu estômago nasceram, então, os orixás, nasceram Xangô, Oiá, Ogum, Ossaim, Obaluaê e os Ibejis. Eles fizeram companhia a Iemanjá.”

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Presentes chegando

23h – Dá o play!

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Na cadência do samba

22h45 – Grupo de samba formado por amigos do Engenho Velho de Brotas. O nome do grupo? “Tem nome, não. Somos só amigos mesmo”, diz o militar Henrique Ferreira, 60, um dos organizadores.

Chegar primeiro

22h15 – Grãos de milho e girassol, folhas de amaci e arruda, pemba de Oxalá e alfazema de Iemanjá. Os tabuleiros estão preparados para distribuir bênçãos. Na noite do dia 1º, pais, mães e filhos de santo já começaram a trabalhar.

“A gente chega desde o dia anterior para ocupar nosso espaço. Convocamos todos para receber as bênçãos da Rainha do Mar”, disse o filho de santo Robson Pereira, 34.

(Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO)

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Axé, presente!

22h – Grupos religiosos de umbanda e candomblé também antecipam a chegada ao Rio Vermelho e a entrega de presentes. O grupo Caboclo Eru, do Conjunto Santa Madalena, na região da Av. Vasco da Gama, chegou às 20h.

“É mais tranquilo. Além disso, este ano cumprimos a promessa de entregar o presente no dia anterior”, explicou Carlos Alberto Moreira, o Carlos de Logum.

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Sextou!

21h30 – Uma fila enorme já se forma nas proximidades da Colonia Z1, ao lado da Igreja de Sant’Ana.

(Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO)

A multidão que já toma conta do espaço veio antecipar a entrega de presentes para Iemanjá. Mas, muitos atravessarão a madrugada nos bares, participando de manifestações culturais e diversos eventos.

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Esquenta do esquenta!

Quem estava acostumado a ir ao Rio Vermelho na véspera de Iemanjá para curtir o burburinho que começa desde a noite do dia primeiro de fevereiro no bairro – com direito a música é devoção -, pôde vivenciar um ‘esquenta do esquenta’ da festa que sauda a Rainha do Mar na quinta-feira (31).

Conduzido pelo multi-instrumentista, ex-diretor musical, trombonista e cantor da Timbalada por 12 anos, Augusto Conceição, o Samba Vai Kem Ké participou da XI Lavagem da Odoyá e fez uma apresentação gratuita para centenas de pessoas que lotaram a Rua da Paciência e o Largo de Santana entre o final da tarde e a noite de quinta.

Com direito a água e produtos de limpeza, a lavagem é realizada há 11 anos às vésperas do 2 de fevereiro pelo artista plástico Ray Vianna, autor da Odoyá – dorso de peixe feito em aço e instalado em frente à praia do Rio Vermelho, próxima à Colônia de Pescadores. A festa já virou tradição no bairro e, enquanto a escultura passa por uma faxina, aconteceu um verdadeiro show no local.

Fonte: Corrreio da Bahia

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