Uma pausa. Um sabático.

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Um pedido de demissão depois de mais quase 15 anos na área de marketing em grandes multinacionais de bens de consumo, tanto aqui no Brasil, como nos Estados Unidos, em times globais e na América Latina, sendo os últimos 10 anos trabalhando na PepsiCo. O principal motivo? O nascimento da minha primeira filha, Maria.

O termo sabático, sabbath, sabá ou sabat surgiu através das tradições do costume judaico, que consistem no dia de descanso para os judeus. Na bíblia, o ano sabático é conhecido por Shemitá, que na tradução literal do hebraico significa “libertação”. No Torá, o livro sagrado dos judeus, ano sabático é descrito como a fase de repouso da terra, onde não podia cultivar a agricultura. Nos últimos anos, o termo entrou no mundo corporativo significando uma “pausa na carreira” em pró do atingimento de algum objetivo pessoal e foi exatamente isso que aconteceu comigo.

O trabalho sempre ocupou um espaço bem importante na minha vida e foi um impulsionador de várias mudanças ao longo da minha jornada. O ponto de partida é minha saída de São Jorge d´Oeste, uma cidadezinha de menos de 10 mil habitantes no interior do Paraná, quando tinha 15 anos para estudar e morar em Curitiba com minha melhor amiga. O objetivo e plano dos meus pais, professores a vida toda, era propiciar uma melhor educação me dando oportunidades e possiblidades para construir um trabalho que fosse realizador. Depois disso, mudei de cidade, Estado, país, impulsionado pela minha profissão e os desafios atrelados a isso.

Paralelo a todas as essas mudanças guiados pela minha profissão, que sempre tiveram um papel fundamental no meu desenvolvimento, sempre tive um sonho, algo nunca muito detalhado, que era ficar dois anos sem trabalhar quando me tornasse mãe. As vezes soltava essa frase no meio de alguma conversa, como um sonho guardado, que em algum momento poderia ganhar vida e se transformar em uma realidade, uma pausa.

A decisão de tirar um sabático, deixar um trabalho que tanto adorava, que tinha me dado tantas oportunidades, não foi fácil. Mas, na minha visão era como se pudesse me dar um “presente,” para mim e para a minha filhota. Como se a principal coisa que eu pudesse dar para ela, era o meu tempo, e o mesmo para mim, uma pausa como um presente. Poder aproveitar em sua plenitude esse momento tão especial da maternidade, da construção da primeira infância de uma criança.

O que eu mais gostei dessa experiência de tirar um sabático? Sair da minha zona de conforto, fugir do automático, ter a coragem de fazer uma pausa e concretizar um sonho. O que é parar de trabalhar por um, dois anos quando comparado a 20/30 anos de trabalho? Nada, não é mesmo? Foi exatamente essa sensação que eu tive. Um tempo em que as prioridades mudaram, as ordens se inverteram e abriu-se espaço para uma outra dinâmica, outra velocidade, outras pessoas, outra cidade.

O mais difícil dessa pausa? O preconceito de ver uma mulher parar te trabalhar para se dedicar a maternidade em tempo integral, como se isso fosse algo não possível. Lembro que tinha uma frase já “pronta” para a pergunta mais comum que ouvia: Nossa, mas você não faz nada da vida? Minha resposta: eu estou trabalhando e cuidando do futuro da humanidade, educando uma criança para ser uma pessoa melhor nesse mundo que vivemos.

Meu período sabático, inicialmente programado para durar 2 anos, se estendeu um pouco mais com direito ao nascimento do Tomaz, o meu 2º filho e foi uma das grandes escolhas da minha jornada profissional. A volta aconteceu de maneira bem natural, o desejo de retomar o meu trabalho, desenvolver e transformar grande marcas, tomou forma novamente. Assim, depois de uma incrível pausa, continuei minha trajetória profissional, com uma nova parceria, a Coca-Cola, há 3 anos. E você, pensando no seu momento de vida, precisa ou merece uma pausa? Se quiser falar mais a respeito, me escreva por aqui ou no meu LinkedIn, será um prazer falar sobre isso com você.

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