Davidson Pelo Mundo: Turismo no fundo mar

0
102

A atividade turística tem evoluído a cada dia, ao ponto deste importante segmento da economia mundial criar especialidade ou nichos independentes e autossustentáveis. Até bem pouco tempo, os destinos turísticos atuavam como um armarinho, onde se encontrava tudo. Alguns pilares jamais poderão deixar de fazer parte deste conjunto de ofertas. Bom serviço, gastronomia, boa oferta de hospedagem, fácil acesso e infraestrutura são pilares que todo destino turístico obrigatoriamente precisa ter.

Aos poucos os destinos foram incluindo e destacando alguns outros pilares de acordo com o potencial de cada produto e foi aí que entrou o Dive Tourism, ou turismo de mergulho. O mergulho subaquático alcançou ampla viabilidade técnica apenas no século XX. O mergulho até cerca de 1930 era realizado essencialmente por meio de equipamentos que permitiam a submersão de indivíduos por determinado período, mas que impediam o livre movimento debaixo da água. Foi apenas a partir dos anos 1930 que começaram a surgir soluções para o mergulho autônomo que liberaram o indivíduo submerso de sua âncora na superfície, dando assim início à chamada era do mergulhador-nadador.

No final dos anos 1940 o sistema de circuito aberto de ar comprimido desenvolvido por Émile Gagnan e Jacques-Yves Cousteau, conhecido como Aqua Lung, passou a ser abertamente comercializado. A prática do mergulho subaquático deixou de ser exclusividade de inventores e militares, tornando-se acessível ao público em geral. A partir desse momento, o mundo subaquático, antes pouquíssimo explorado e amplamente misterioso, se revelou para a humanidade a partir de fotografias e vídeos. Jacques Cousteau teve uma participação central também nesse âmbito. Cousteau produziu mais de 100 filmes com imagens de mergulhos que tiveram grande repercussão mundial. O filme O Mundo Silencioso de 1956 chegou a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes e três outros filmes do diretor ganharam o Oscar (IMDB, 2015). Ao longo da história, outros vários filmes difundiram imagens submarinas, influenciando significativamente a demanda pelo mergulho, incluindo Homens Rãs (1951), Rochedos da Morte (1953), 20.000 Léguas Submarinas (1954), 007 Contra a Chantagem Atômica (1965), 007 Contra Octopussy (1983), Imensidão Azul (1988), A Pequena Sereia (1989), O Segredo do Abismo (1989) e Procurando Nemo (2003).

Ambrozio Correa de Queiroz Neto escreveu um artigo para o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro, e afirmou que o dive tourism (turismo de mergulho) é um dos segmentos de mercado com maior crescimento no trade turístico no Mundo. Segundo a Organização Mundial do Turismo, a atividade cresce em níveis superiores às outras segmentações turísticas. Embora haja um ambiente propício para o crescimento da atividade de turismo de mergulho no mundo e no Brasil, a atividade carece de discussão acadêmica sobre o tema. Este artigo tem o objetivo de apresentar o estado da arte acerca dos conceitos e definições do dive tourism em nível internacional e nacional, servindo de base para fomentar futuras discussões científicas sobre o tema.

Afinal, a Baía de Todos-os-Santos é ou não é um atrativo para os amantes do Dive Tourism? Fiz uma pesquisa com as maiores operadoras de turismo de mergulho do país e não encontrei em nenhuma das suas publicações, nada se referindo a segunda baía navegável do mundo, um local com águas mornas, incidência de sol na maior parte do ano, boa oferta de voos, uma boa oferta de hotéis, restaurantes e empresas de apoio para a prática dessa atividade. O que nos falta para termos também em nosso portfólio a oferta desse produto?

Recentemente o Governo do Estado afundou duas embarcações com a proposta de incentivar a prática dessa atividade e fomentar esse segmento turístico. Mas só isso é o suficiente? Caímos mais uma vez no erro do PPS (Produto, Promoção e Serviço), quando criamos o produto não promovemos, quando promovemos não damos o serviço, e assim seguimos como alguns pais que presenteiam os filhos com alguns brinquedos e esquecem de entregar o manual de instrução, alguns dias depois o brinquedo estará encostado num canto do quarto.

O fato é que essa atividade cresce no mundo todo e não podemos perder oportunidades, a natureza nos entregou de mãos beijadas essa Disneylândia que é a BTS, temos vários atrativos criados pelo homem mas não conseguimos transformar tudo isso em atividade econômica ao nível do seu potencial.

O turismo hoje em todo mundo é tratado de forma individualizada para cada pilar, para cada atividade, com pessoas especializadas e com forte influência nos meios que cercam as atividades. O turismo de mergulho precisa ser tratado de uma forma mais especial, é uma atividade que estimula a consciência ao meio ambiente, movimenta uma cadeia considerável de serviços e deixa divisas importantes para a cidade além dos mergulhadores serem divulgadores espontâneos do destino, pois além de mergulhar eles adoram exibir suas belas fotografias captadas nos destinos por onde passam.

O turismo de mergulho é uma realidade e a Bahia tem tudo para se colocar como um dos principais destinos do Brasil, isso passa por uma decisão do governo em querer investir nesse promissor segmento da atividade turística!

Fonte: Bahia Notícias

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here