Igreja Anglicana terá 1ª líder mulher da história

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A nova líder da Igreja Anglicana, Sarah Mullally, na Catedral de Canterbury, na Inglaterra, em 3 de outubro de 2025. — Foto: Toby Melville/ Reuters

Pela primeira vez na História, a Igreja Anglicana será liderada por uma mulher.

Sarah Mullally, que era bispa de Londres, foi nomeada nesta sexta-feira (3) arcebispa de Canterbury, o posto máximo de chefia e liderança espiritual da igreja.

O governo britânico anunciou em um comunicado que o rei Charles III, como líder supremo da Igreja Anglicana, aprovou a nomeação proposta pelo Colégio de Cônegos da Catedral de Canterbury, no sudeste da Inglaterra.

Mullally, de 63 anos, mãe de dois filhos, substitui Justin Welby, que foi forçado a renunciar em novembro de 2024 devido à sua condução de um escândalo de agressões físicas e sexuais.

A religiosa, que deixou em 2004 o seu trabalho de enfermeira para dedicar-se ao sacerdócio em tempo integral, torna-se a 106ª arcebispa de Canterbury.

Em um comunicado, a arcebispa reconheceu a “grande responsabilidade” do seu novo cargo, mas declarou sentir uma sensação de “paz e confiança em Deus” para cumpri-lo.

‘Papel fundamental’

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, comemorou a nomeação da primeira mulher para este cargo.

“A Igreja Anglicana é de profunda importância para este país. Suas igrejas, catedrais, escolas e instituições de caridade fazem parte da estrutura de nossas comunidades”, afirmou em um comunicado.

A nova arcebispa “desempenhará um papel fundamental em nossa vida nacional”, acrescentou.

O último líder do anglicanismo mundial, Justin Welby, anunciou em novembro que deixaria suas funções em 6 de janeiro.

Welby, de 68 anos, enfrentou dias de pressão para renunciar após as acusações de que sua instituição encobriu durante anos agressões físicas e sexuais contra menores por parte de um advogado vinculado à mesma.

O ex-arcebispo de Canterbury oficiou em vários eventos reais importantes nos últimos anos, como o funeral da rainha Elizabeth II e a coroação de Charles III.

Sua renúncia estava ligada ao caso de John Smyth, um advogado que presidia uma instituição de caridade ligada à Igreja Anglicana e que organizava acampamentos de férias.

Entre a década de 1970 e meados da década de 2010, Smyth abusou sexualmente de 130 crianças e jovens no Reino Unido e depois na África, particularmente no Zimbábue e na África do Sul, onde se estabeleceu e morreu em 2018, aos 75 anos, sem ser julgado.

A instituição foi oficialmente informada desses fatos em 2013, mas muitos membros já os conheciam desde a década de 1980 e os mantiveram em silêncio como parte de uma “campanha de encobrimento”, concluiu uma investigação encomendada pela própria Igreja Anglicana.

O relatório também concluía que o arcebispo de Canterbury “poderia e deveria ter denunciado” à polícia a violência cometida pelo advogado a partir de 2013, quando se tornou primaz da Igreja da Inglaterra.

‘Falhamos’

Mullally prometeu nesta sexta-feira “promover uma cultura de segurança e bem-estar para todos” após os casos de agressão sexual que abalaram a instituição.

“Como Igreja, muitas vezes deixamos de reconhecer ou levar a sério os abusos de poder em todas as suas formas”, disse ela em um discurso na Catedral de Canterbury.

A Igreja da Inglaterra tornou-se o órgão religioso estatal após a ruptura do rei Henry VIII com o catolicismo no século XVI.

Mullally tornou-se a primeira bispa de Londres em 2018, depois que a Igreja Anglicana começou a permitir que mulheres ocupassem esse cargo em 2014, após anos de acirradas disputas internas.

A Igreja Anglicana, cujo líder supremo é o rei Charles III, tem 20 milhões de fiéis batizados, mas o número de praticantes regulares é estimado em pouco menos de 1 milhão, de acordo com dados de 2022.

Mais de 40 dos 108 bispos da Inglaterra são agora mulheres, com uma proporção semelhante entre os padres, depois que o clero feminino foi permitido pela primeira vez no início da década de 1990.

Fonte: G1 Mundo

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